A maior cidade do país está localizada entre Tapejara, no Rio Grande do Sul e Forquilhinha, em Santa Catarina. Claro que isso não é uma indicação geográfica: estams falando do IGMA, o Índice de Gestão Municipal do Instituto Áquila, que monitora o trabalho dos prefeitos brasileiros. A modesta 131ª é puxada pela péssima avaliação no quesito saúde e bem estar e pelos resultados ruins em Infraestrutura e Sustentabilidade, que são os únicos que não pararam de cair nos últimos 4 anos.
A cidade tem algo em torno de 340 mil pessoas que não tem acesso à rede de esgoto e que deixa de tratar quase 30% do esgoto produzido. O sócio consultor do Instituto Áquila, Rodrigo Neves, afirma que isso não deveria acontecer, visto o orçamento que a cidade tem. "Os gestores deveriam entregar resultados melhores", diz. No entanto, segundo ele, o prefeito não faz tudo sozinho: "cuidar do esgoto envolve outros órgãos e isso exige planejamento da cidade para enxergar os problemas e coordenar os investimentos. O problema de São Paulo não é dinheiro, é como utilizar esse dinheiro para desenvolver bons projetos para a cidade.
O ex-presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, avalia que a privatização da empresa pode permitir mais investimento na rede de distribuição e deixar o prefeito mais livre para lidar com outros temas relacionados a saúde pública. Ele pontua, no entanto, que não é porque a cidade tem bons números para os padrões brasileiros que o novo gestor terá vida fácil para lidar com a questão do saneamento: "a classe política precisa se empenhar em fazer obras para daqui a dez, vinte, quarenta anos e não ficar 'colocando marquinha' em cada empreendimento feito. São Paulo tem grandes perspectivas, mas tem muitos desafios", avalia.
No caso do lixo, o próximo prefeito já começa o trabalho com um contrato importante assinado pela gestão Ricardo Nunes: os consórcios responsáveis pela coleta de lixo, mesmo sem cumprir metas estabelecidas pelo acordo anterior, tiveram os acordos renovados por mais vinte anos e vão receber quase R$ 80 bilhões de reais. E não cumprir metas é impensável na visão da coordenadora da área de resíduos sólidos do Instituto Pólis, Elisabeth Grimberg, que destaca: essas metas são definidas por lei. "Se nós tivéssemos cumprido as metas, 61% dos resíduos que geramos já teriam sido desviados dos aterros sanitários em vez de utilizarmos esses lugares, que já estão se esgotando", lembra. "É um despercídio".
Hoje, São Paulo coleta 98% do lixo produzido, mas a coleta seletiva deixa de passar em praticamente 25% das residências. Pra completar, a cidade que mais produz lixo no Brasil não consegue reciclar nem 1% do lixo que produz.