O ex-procurador da República Deltan Dallagnol se diz vítima de vingança e de uma “canetada” após o Tribunal Superior Eleitoral cassar o mandato como deputado federal na noite desta terça-feira (16). Membros do governo comentaram a decisão, enquanto aliados reclamaram da medida.
A cassação foi decidida por unanimidade entre os ministros do TSE. O ex-procurador ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal, mas a perda do mandato passa a valer imediatamente.
Em nota também divulgada nas redes sociais, o ex-deputado, que foi o mais votado no Paraná, disse estar indignado e que continuará “a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro”.
O ex-coordenador da Operação Lava Jato, em Curitiba, foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa porque deixou o cargo de procurador quando ainda respondia a procedimentos no Conselho Nacional do Ministério Público. A medida foi vista como uma tentativa de fugir da lei de inelegibilidade.
Dallagnol se reuniu com assessores ainda na noite da terça após a decisão do TSE, ele deve deixar o gabinete na Câmara dos Deputados nos próximos dias. Ainda não há uma definição de quem ficará com o cargo.
O senador e ex-juiz Sergio Moro saiu em defesa de Dallagnol pelas redes sociais e disse estar “estarrecido” com a decisão. Ambos são aliados políticos e atuaram juntos nos processos da capital parananese:
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, que também é deputada federal ironizou o caso pelo Twitter:
A decisão da perda do mandato ocorreu após recurso apresentado pela federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) no Paraná e pelo Partido da Mobilização Nacional. Os partidos questionaram a elegibilidade de Deltan Dallagnol.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, usou um texto da Bíblia para comentar a decisão. Ele dedicou a cassação ao presidente Lula, que chegou a ser condenado e preso na Lava Jato - “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!”.
Quando deputado, foi uma emenda do ex-governador do Maranhão que colocou a possibilidade de inelegibilidade para integrantes do MP que deixassem o cargo para fugir de processos administrativos.
Já o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, escreveu que “uma mentira só dura até que a verdade chegue e “que a Justiça continue a ser feita a todos que lucraram com a destruição da democracia”.
O senador Renan Calheiros – que chegou a processar Deltan Dallagnol no Conselho Nacional do Ministério Público – afirmou que “a Justiça tarda, mas não falha”; e conclui: “o TSE cassou o mandato do pivete ficha suja da Lava Jato”.
Também alvo da Lava Jato, o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha publicou apenas “Tchau, querido!”.
O deputado Kim Kataguiri, do União Brasil, por outro lado, classificou a cassação como um absurdo e afirmou que a decisão não tem outro nome, a não ser perseguição política. Segundo ele, o julgamento “é o retrato de um país que pune quem combate à corrupção e tem como presidente alguém que liderou o governo mais corrupto da história”.