Um novo relatório da Polícia Federal traz indícios de que os delegados Rivaldo Barbosa e Giniton Leges, envolvidos na morte da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ignoraram imagens de câmeras de segurança e pistas que poderiam levar aos autores do crime.

Em depoimento à PF, o atual secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Marcus Amim, afirmou que apontou cinco possíveis executores da vereadora ao chefe da Delegacia de Homicídios da Capital, Giniton Lages, na época dos assassinatos, em 2018.

Entre os nomes apontados por Amim, estava o de Ronnie Lessa, réu confesso pelo disparos.

Ele também teria levantado a hipótese de que a morte de Marielle estava atrelada à Operação Cadeia Velha, deflagrada contra deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e citado o nome do ex-deputado Domingos Brazão, também detido por envolvimento no caso.

A informação faz parte do depoimento do delegado Luís Otávio Franco Gomes de Oliveira, da equipe de Giniton.

Segundo Amim, Gomes de Oliveira teria pedido para deixar o cargo quando a investigação passou a focar no miliciano Orlando Curicica, que chegou a ser preso por suspeita de ser o mandante do crime.

O miliciano, no entanto, contou que foi pressionado pela Polícia do Rio para assumir a autoria do assassinato.

Em julho deste ano, Giniton Lages também foi ouvido pela PF e disse não se recordar da conversa com Amim, mas confirmou que recebeu diversos relatórios de inteligência citando o nome de Ronnie Lessa.

Giniton disse ainda não ter ficado surpreso com as prisões de Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de serem os mandantes do crime, porque já teria investigado a dupla.

Em depoimento dado em junho, Rivaldo Barbosa também confirmou que Giniton levantou os nomes dos irmãos Brazão em uma reunião com ele e com o general Richard Nunes, secretário de Segurança do Rio à época.