Caso Americanas: Ministério Público pede extradição do ex-CEO Miguel Gutierrez

Executivo foi preso na Espanha, mas cidadãos espanhóis não são extraditados; fraude na empresa é estimada em mais de R$ 25 bilhões

BandNews FM

Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa Americanas
1. Reprodução / 2. Agência Brasil

O Ministério Público Federal solicitou a extradição do ex-CEO das Lojas Americanas, Miguel Gutierrez. Alvo no mês passado de uma operação da Polícia Federal (PF), que investiga a maior fraude da história do mercado financeiro no Brasil, o executivo encontra-se na Espanha. A Justiça Federal do Rio de Janeiro vai analisar a solicitação do órgão federal.

Segundo as investigações, Gutierrez demonstrou preocupação em blindar o patrimônio da empresa após deixar o cargo de diretor-presidente da Americanas, com a transferência de valores e imóveis para paraísos fiscais e empresas de familiares. A Polícia Federal acredita que ele já sabia que haveria um escândalo, com a divulgação da fraude - estimada em mais de R$ 25 bilhões.

O ex-CEO tem dupla cidadania, e a Espanha não extradita cidadãos. Gutierrez chegou a ser preso pela Interpol em território espanhol, mas foi colocado em liberdade logo em seguida.  

O ofício enviado pelo MPF à 10ª Vara Federal Criminal do Rio foi assinado por seis procuradores e cita que, se a extradição for negada, o processo e uma possível condenação do ex-CEO podem acontecer na Espanha. Caso o pedido seja aceito, a tendência é de que a medida seja conduzida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.  

Já a ex-diretora da Americanas, Anna Christina Ramos Saicali, estava fora do país durante a operação da PF. Ela chegou ao Brasil dias depois e entregou o passaporte, conforme acordo feito enquanto ela estava em Portugal. A Justiça Federal substituiu o mandado de prisão preventiva pela medida cautelar que proíbe a executiva de se ausentar do Brasil.  

Segundo a Polícia Federal, ela recebia e-mails sobre o esquema criminoso que se instalou na Americanas, além de ter assinado um documento em que eram expostas as informações da fraude.  

Ainda de acordo com os investigadores, a executiva teria aumentado o capital social da empresa mediante transferência de seis imóveis que possuía, em valor conjunto de quase R$ 8 milhões, em 2019. Já em janeiro de 2023, Anna teria aumentado novamente o capital em R$ 3 milhões.

As investigações apontam também que foram encontradas evidências em e-mails e anotações na conta institucional de Gutierrez que revelam a criação de um esquema societário, com diversas remessas de valores a off-shores sediadas em paraísos fiscais. Além disso, ele transferiu imóveis que estavam em seu nome para empresas ligadas a familiares para ocultar o patrimônio.

Em nota, a defesa de Gutierrez negou as acusações e afirmou que ele sempre esteve à disposição dos órgãos interessados nas investigações. Já a defesa de Anna disse que vai cumprir todas as decisões da Justiça.

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