A colunista Lana Canepa, da BandNews FM, analisou a interrupção na tramitação do PL do Aborto - projeto de lei que visa equiparar o crime de estupro após 22 semanas de gestação ao homicídio - na Câmara dos Deputados.
Após ser aprovado seu caráter de urgência, o PL não precisaria passar pelas comissões da Casa Baixa do Legislativo e iria direto a votação em plenário. No entanto, devido a forte repercussão negativa sobre a medida - que possibilitaria a prisão de crianças estupradas que optassem pelo aborto, num tempo de reclusão maior que a do próprio estuprador -, é esperado que o PL do Aborto não seja pautado.
Segundo Canepa, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) irá "jogar para frente" o projeto. "A pressão das ruas fez efeito, bateu no Congresso Nacional. A conta que chegou foi a de que Lira fez um acordo para votar a urgência numa votação simbólica, para não sabermos os nomes. Muitos já dizem nos bastidores que não querem votar o mérito. O acordo era votar a urgência", pontuou.
Lana também destacou a forte mobilização da sociedade sobre os direitos das mulheres como único ponto positivo que a tramitação do projeto gerou para sociedade.
"A única que sobra de positivo é o debate público em defesa do direito das mulheres e das meninas. Menina não é mãe. [Foram] mais de 3 milhões de visualizações em dois dias, a Câmara não contabiliza o fim de semana. As pessoas se interessaram, procuraram saber e foram defender o direito de proteger as vítimas de estupro para que elas não sofram mais e consigam um direito garantido em lei", ressaltou.
Segundo dados do site da Câmara dos Deputados, o projeto atingiu 6,1 milhões de visualizações em cinco dias e, até o momento, houve mais de um milhão de votos na proposta do site. A maioria - cerca de 88% - declarou que "discorda totalmente" do projeto.