A Esplanada dos Ministérios, a Praça dos Três Poderes e vias que dão acesso aos principais prédios públicos de Brasília estão com a segurança reforçada nesta terça-feira (13) após uma noite violenta na cidade. Atos promovidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro terminaram com cinco ônibus e três carros incendiados, além de depredações e destruição.
As ações de vandalismo começaram depois que a Polícia Federal prendeu o líder indígena José Acácio Tserere Xavante. Os policiais cumpriram um mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal atendendo ao pedido da Procuradoria-Geral da República. O cacique bolsonarista teria ameaçado o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e convocado atos antidemocráticos. A prisão temporária tem prazo de 10 dias.
Após a detenção do indígena, bolsonaristas radicais tentaram invadir a sede da Polícia Federal na Asa Norte, nas proximidades do hotel em que Lula e equipe estão hospedados.
As ações de violência se espalharam pela noite e provocaram reações do gabinete de transição. O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, disse que os responsáveis serão punidos e agradeceu ao esforço do Governo do Distrito Federal para conter os atos extremistas.
O presidente Jair Bolsonaro não tinha se pronunciado sobre as ações até o início da manhã desta terça-feira.
As principais vias da área central de Brasília vão permanecer interditadas até que a segurança seja garantida e o esquema de emergência possa ser reavaliado.
O grupo que cuida da segurança do presidente eleito negou que Lula tenha ficado em período. O hotel em que o político está conta com um número maior de policiais e bloqueios foram expandidos na área, que fica a quatro quilômetros do Palácio do Planalto.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou à Band que determinou a prisão dos responsáveis pelos atos de vandalismo, mas a Polícia Militar não realizou prisões, embora tenha usado balas de borracha e bombas de efeito moral para dissipar a confusão na noite de segunda (12).
A Secretaria de Segurança do DF negou que tenha demorado a atuar e defendeu as ações tomadas para o controle do tumulto.
Nesta terça-feira (13), Flavio Dino confirmou que José Acácio Tserere Xavante foi transferido da sede da PF na capital federal para o presídio da Papuda.
Pelo Twitter, autoridades repudiaram os ataques em Brasília.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que atos realizados por uma “minoria raivosa” e afirmou que “servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral”.
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, escreveu repudiar a violência e pediu que o Governo do Distrito Federal atue para “redobrar os cuidados com a segurança”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, classificou de “baderna” os atos e disse que as cenas vistas têm “cara de esquema profissional”.