Brasileiro da Mercedes comemora oportunidade rara de subir ao pódio

Na equipe desde 2017, engenheiro coordena o grupo de estratégia em algumas corridas

Alinne Fanelli

Léo é carregado por Lewis Hamilton e Valtteri Bottas depois da premiação em Interlagos Divulgação/Mercedes
Léo é carregado por Lewis Hamilton e Valtteri Bottas depois da premiação em Interlagos
Divulgação/Mercedes

O Brasil não tem um piloto no grid da Fórmula 1, mas tem um representante premiado na Mercedes.

Leonardo Donisete da Silva, de 30 anos, é engenheiro e coordena o grupo de estratégia em algumas corridas da temporada.

Ele foi o escolhido de Toto Wolff para subir ao pódio e comemorar a vitória de Lewis Hamilton e o terceiro lugar de Valtteri Bottas no Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1. “Foi indescritível. Eu não consigo pensar em outro momento na minha vida até hoje que se equipare a esse. Sou muito grato por terem me permitido ter essa oportunidade. Fico feliz porque foi uma corrida histórica, provavelmente, a mais marcante da temporada, que já é uma das mais marcantes da história recente. Espero que aqueles que sabem que me ajudaram a chegar aqui tenham noção disso e se sintam representados, assim como todos os brasileiros, porque não tem muitos de nós por aqui”, comentou.

Léo trabalha na Mercedes desde o começo de 2017. Natural de Patos de Minas, ele se formou em engenharia mecânica na Unicamp e fez um intercâmbio que lhe abriu portas. Toda semana, ele enviava e-mails aos profissionais da Fórmula 1. “Até que eu consegui uma entrevista, mas para uma área diferente na Mercedes. Meu atual chefe foi por curiosidade acompanhar e ele acabou se interessando. É minha quinta e mais difícil temporada. Desde que eu entrei, tenho conseguido evoluir na minha função e espero que continue assim. Vou fazer o possível para continuarmos ganhando e provando que não é só porque o carro é melhor.”

O engenheiro não vai a todas as corridas, porque há um revezamento. Ele coordena o grupo de estratégia em algumas provas e passa sugestões. A relação com Lewis Hamilton é mantê-lo a par de quais são os planos, qual a estratégia que a Mercedes planeja executar na corrida - os cenários para os quais ele tem que estar preparado.

Em Interlagos, a missão era dar uma ideia visual ao heptacampeão mundial do quão perto do carro da frente ele teria que estar para saber que era a hora de usar tudo para fazer a ultrapassagem na primeira curva. “A gente faz várias análises para o piloto e cada circuito tem a sua peculiaridade. Aqui no Brasil um dos pontos era esse, porque se o piloto, por exemplo, gastar a bateria na hora errada, é uma chance a menos. É um trabalho que a gente faz para ele, em conjunto com outras áreas”, explicou.

Leonardo disse que não sabia que seria convidado para ir ao pódio porque os diretores não avisam antes “para não dar azar”. “Eu trouxe dois amigos hoje. Então, quando a corrida acabou, eu me assegurei de que poderia levantar, tirei o rádio e fui buscá-los, porque eles estavam com o passe para ver a premiação. Quando eu passei, Toto me chamou e falou que era para eu ir representar a equipe. Pensei que não era sério, porque é uma coisa muito única. Tem muitos engenheiros aqui que talvez nunca tenham essa oportunidade. Foi muito gratificante”, concluiu.