A visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, ao Brasil teve como principal objetivo agradecer ao país, em nome da América Latina, por não impor sanções contra Moscou, segundo o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.
Em entrevista à BandNews FM, ele destaca que os russos, com o ato, também reconheceram o Brasil como um mediador da guerra na Ucrânia: “Lavrov, de alguma forma, ao visitar o Brasil, ao endossar um aperto de mão ao presidente Lula, reconhece a sua condição de mediador. Nada disto significa que o Brasil está dando razão para um lado ou para outro”.
Ainda de acordo com Trevisan, a postura do governo Lula tem reforçado a posição de neutralidade do Brasil na geopolítica mundial. Para ele, a visita do presidente à China prezou pelos interesses nacionais brasileiros e não representa um esfriamento das relações com os Estados Unidos, por exemplo,
“O Brasil foi à China e o que a China mais queria do Brasil era que ele aderisse a aquela iniciativa Cinturão e Rota, que é uma iniciativa de investimentos chineses brutais. O que o Brasil fez foi olhar para a China e falar isso não! A diplomacia americana inteligente sabe perfeitamente que o Brasil deu um não à China. E com isso vai, de alguma forma, fixar um limite da influência chinesa na América Latina e nada disso significa que nós vamos brigar com a China”, pontua o professor.
Por fim, Leonardo Trevisan ressalta que o Brasil está se posicionando no novo xadrez geopolítico mundial: “Nós estamos pedindo que no redesenho geoeconômico e geopolítico do mundo, nós não queremos uma posição de cabeceira na mesa, mas nós queremos estar sentados na mesa. É disso que nós estamos falando. E é uma inspiração legítima de um país que tem o potencial econômico que o Brasil tem”.