O Brasil ainda busca alcançar a meta de 50% de crianças de até seis meses amamentadas exclusivamente com o leite materno. O número atual é de 45%, segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil de 2021.
O valor é muito maior quando comparado ao das últimas décadas. Em 1986, o total chegava apenas a 3%.
Segundo a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde, Sônia Venâncio, os motivos para a dificuldade no aleitamento são muitos, desde as dificuldades na produção do leite no corpo da mãe até ao aumento no marketing das fórmulas prontas.
Apesar do leite materno ser considerado pelas entidades de saúde a principal proteção que pode ser oferecida aos bebês, nem sempre alimentar o próprio filho nem sempre é uma opção.
A Luana Sartore entrou em trabalho de parto de forma prematura, com 31 semanas, e, quando a Luísa veio ao mundo, o corpo da mãe ainda não estava preparado para alimenta-la.
O quadro da bebê era instável e a amamentação nas primeiras 24 horas seria decisiva.
A solução foi optar pelo banco de leite do hospital para evitar que Luísa tivesse complicações pelo baixo peso e pela dificuldade respiratória que poderia se desenvolver.
Além de auxiliar o desenvolvimento de bebês prematuros, o alimento pode salvar a vida de crianças que foram expostas a riscos durante a gravidez.
A Débora Durso morava nos Estados Unidos quando foi mãe da Sophia por meio da adoção. Na gestação, a genitora dela utilizava drogas, o que poderia deixar a bebê com sequelas. Os médicos explicaram que não era possível prever o prognóstico e que os riscos eram grandes.
Apesar do país ter a cultura de utilizar as fórmulas nesses casos, Débora conseguiu a doação de leite um dia após receber a filha e afirma que o aleitamento mudou a saúde da pequena.
PANORAMA DA DOAÇÃO DE LEITE NO BRASIL
Entre janeiro e dezembro de 2022, mais de 234 mil litros de leite humano foram arrecadados nos 227 bancos de leite do país.
O número não consegue atender a demanda nacional e, por isso, a decisão do governo é priorizar os bebês que estão internados nas Unidades de Terapia Intensiva dos hospitais. Assim, crianças em outras condições não têm acesso ao aleitamento materno.