O governo brasileiro avaliou não enviar sequer a embaixadora do país em Caracas, Glivânia Oliveira, para a posse de Nicolás Maduro nesta sexta-feira (10).
O debate ocorreu no momento em que foi anunciada a prisão da líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, durante uma manifestação contra Maduro na última quinta-feira (9).
Segundo informações da oposição, Corina “foi sequestrada de forma violenta por forças do governo” durante o ato em Caracas.
Horas depois, a coligação de campanha da oposição venezuelana afirmou que Machado foi liberada após gravar uma série de vídeos.
Só depois da confirmação da liberação é que o Brasil manteve a presença da embaixadora no evento.
Mesmo assim, o governo considera a ausência de Lula e qualquer outro membro do alto-escalão brasileiro à posse um recado claro.
A posição oficial é que o Brasil não pode virar as costas totalmente para a Venezuela. Como maior país da América do Sul, o governo se vê como um mediador no continente. Exemplo é a tutela brasileira da embaixada argentina em Caracas, que abriga aliados de Corina.
Além disso, há a questão dos 20 mil brasileiros que vivem na Venezuela.
Posse esvaziada e fronteiras fechadas
Maduro tomou posse para o seu terceiro mandato como presidente venezuelano após uma eleição repleta de acusações de falta de transparência, sem as atas do pleito serem reveladas. Apenas o presidente de Cuba e da Nicarágua estiveram no evento.
As fortes suspeitas sobre a eleição gerou até críticas de Lula, um tradicional aliado, a Maduro em 2024.
Após a cerimônia de posse, o líder venezuelano determinou o fechamento da fronteira com o Brasil até a próxima segunda-feira (13).
Maduro foi declarado vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral venezuelano - aparelhado pelo governo chavista - com 51% dos votos. O adversário Edmundo González Urrutia, no entanto, alega fraude e diz que venceu com o apoio de mais de 60% dos eleitores.