O ex-ministro Walter Souza Braga Netto, detido preventivamente neste sábado (14) em uma operação da Polícia Federal, é o primeiro general quatro estrelas do Exército a ser preso no período democrático do Brasil.
O militar da reserva, de 67 anos, é apontado pela Polícia Federal como uma "figura central" da tentativa de golpe que envolvia o assassinato do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, além da prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Braga Netto e outros 36 investigados foram indiciados em novembro por participação na tentativa de golpe de Estado revelada pela PF. No relatório da Polícia Federal, que tem mais de 800 páginas, o general é citado 98 vezes.
Os investigadores afirmam que há elementos para comprovar a participação de Braga Netto. A casa do ex-ministro em Brasília teria recebido uma reunião para o planejamento do golpe e ele ainda teria repassado dinheiro vivo aos "kids pretos", militares das Forças Especiais do Exército que atuariam no plano.
A PF também afirma que o general tentou pressionar os comandantes da Aeronáutica e do Exército a apoiar o esquema.
Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras em 1978, Braga Netto ganhou notoriedade política ao comandar a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro em 2018.
O general também foi coordenador geral de Defesa de Área dos Jogos Olímpicos de 2016, chefe do Estado-Maior do Exército e comandante militar do Leste, responsável por coordenar as atividades militares no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Em 2020, foi nomeado ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro. No ano seguinte, assumiu o Ministério da Defesa e chegou a causar polêmica ao chamar o golpe de 1964 de "um marco histórico da evolução política brasileira".
Em 2021, foi alvo de uma apuração preliminar da Procuradoria-Geral da República por acusações de ameaçar as eleições.
Em 2022, se filiou ao PL para disputar a eleição como candidato a vice na chapa do ex-presidente, que acabou derrotada.