O ex-presidente Jair Bolsonaro ficou, durante dois dias, na embaixada da Hungria no Brasil depois que foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal.
A revelação é do jornal New York Times.
De acordo com a publicação, depois que foi alvo dos investigadores no dia 8 de fevereiro, Bolsonaro foi para a embaixada húngara em Brasília, acompanhado por dois seguranças.
O New York Times publicou imagens das câmeras de segurança do local que mostram que Bolsonaro chegou na noite de segunda-feira, 12 de fevereiro, e partiu na tarde de quarta-feira, 14 de fevereiro.
Além disso, imagens de satélite publicadas pelo jornal mostravam o carro em que Bolsonaro chegou estacionado na garagem no dia 13 de fevereiro.
No dia 8 de fevereiro, a Polícia Federal do Brasil confiscou o passaporte do ex-presidente e prendeu dois ex-assessores sob acusações de que haviam planejado um golpe depois que Bolsonaro perdeu as eleições presidenciais de 2022.
Depois, ele pareceu ficar na embaixada durante os dois dias seguintes, período que foi recebido pelo embaixador húngaro e por membros da equipe da embaixada.
A legislação determina que ele não poderia ser preso em uma embaixada estrangeira que o acolhesse, porque estaria legalmente fora do alcance das autoridades nacionais.
De acordo com o jornal dos Estados Unidos, essa estadia na embaixada sugere que o ex-presidente buscava auxílio do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, em uma tentativa de escapar da Justiça brasileira, já que passa por investigações criminais.
Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que " o ex-mandatário do país mantém um bom relacionamento com o premier húngaro" e que quaisquer outras interpretações seriam falsas e, na prática, "mais um rol de fake news".
Segundo ministros do Supremo Tribunal Federal, ouvidos pela colunista BandNews FM Mônica Bergamo, a visita à embaixada em Brasília pode justificar a decretação da prisão dele, uma vez que sinalizaria uma tentativa de fugir do país para não ser preso.
Ainda segundo o New York Times, um funcionário da embaixada húngara, que falou sob condição de anonimato, confirmou o plano de receber Bolsonaro.
No dia 12 de fevereiro, Bolsonaro postou um vídeo na internet convocando os apoiadores para um comício em São Paulo, em que falou que iria se defender das acusações.
No mesmo dia, foi até a Embaixada da Hungria, foi recebido pelo embaixador Miklos Halmai.
No dia 14 de fevereiro, os diplomatas húngaros contataram os funcionários brasileiros, afirmando que eles deveriam retornar ao trabalho somente no dia seguinte, instruindo-os a ficar em casa pelo resto da semana, sem explicar o motivo.