Bolsonaro liga para irmãos de petista assassinado e irrita outros familiares

O presidente disse que houve violência por parte de “petistas” que estavam na festa

Rádio BandNews FM

Polícia trata o crime como ato de ódio político Fotos: 1.Reuters/2.Reprodução
Polícia trata o crime como ato de ódio político
Fotos: 1.Reuters/2.Reprodução

Os irmãos do guarda municipal de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda, assassinado por um policial penal bolsonarista no último sábado (9), ainda não confirmaram se vão aceitar o convite de Jair Bolsonaro para comparecerem em uma entrevista coletiva em Brasília. Nesta terça-feira (12), o presidente ligou para familiares do petista morto e disse que “esquerdistas” queriam colocar no “colo” dele a tragédia do fim de semana.

Em entrevista ao UOL, a viúva do tesoureiro do PT, disse ter sido surpreendida com a ligação e classificou a conversa como “absurda”. Pâmela Suellen Silva disse que há uma tentativa de uso político pelo presidente da morte do marido.

Na chamada de vídeo, Bolsonaro convidou os irmãos do guarda municipal, que são apoiadores do presidente, a comparecerem a uma coletiva de imprensa em Brasília na quinta-feira (14).

O presidente também afirmou que “nada justifica” o crime. Trechos da ligação, feita por intermédio do deputado federal Otoni de Paula, do MDB do Rio de Janeiro, vice-líder do governo na Câmara, foram divulgados pelo portal Metrópoles. O parlamentar viajou a Foz de Iguaçu a pedido do presidente e disse que a viagem aconteceu após descobrir que a família de Marcelo tinha diferentes visões políticas.

Ambos os irmãos procurados pelo presidente não estavam na festa de aniversário de Marcelo, onde tudo aconteceu.

Ainda nesta terça-feira (12), Bolsonaro disse que também houve violência por parte de petistas que estavam na festa ao comentar os chutes na cabeça de Jorge Guaranho após a troca de tiros com Marcelo.

O presidente diz esperar a conclusão da investigação "para a gente ver que teve problema lá fora, onde o cara que morreu, que estava lá na festa, jogou pedra no vidro daquele cara que estava com o carro do lado de fora". "Depois, ele voltou e começou o tiroteio lá e morreu o aniversariante", concluiu Bolsonaro em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Com a prisão preventiva decretada, o autor dos tiros, Jorge José da Rocha Guaranho, continua internado em estado grave, e sem previsão de alta.

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná disse esperar concluir o inquérito da morte de Marcelo Arruda até a próxima terça-feira (19). Até o momento, oito pessoas já foram ouvidas pelos investigadores, que analisam imagens de câmera de segurança para entender a dinâmica dos fatos e apuram se Jorge Guaranho tinha conhecimento que acontecia uma festa com o tema Partido dos Trabalhadores no local dos fatos.

A Polícia trata o crime como ato de ódio político.