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Bolsonaro gastou R$ 27 milhões no cartão corporativo ao longo do mandato

Despesas do ex-presidente se tornaram públicas e mostram gastos de mais de R$ 10 milhões com hotéis e alimentação

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Bolsonaro gastou R$ 27 milhões no cartão corporativo ao longo do mandato Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro gastou mais de R$ 27,6 milhões em seu cartão corporativo ao longo do seu mandato. A quantia foi divulgada no site da Secretaria-Geral da Presidência nesta quarta-feira (11) após a queda de sigilo dos dados por conta do fim do mandato.  

Entre as despesas estão R$ 8,6 mil com sorvetes, R$ 10,5 milhões com hospedagens, contando com a alimentação, e R$ 800 em lanches de fast-food.

As despesas com hospedagens chamam atenção por conta dos altos valores. O maior pagamento no setor hoteleiro foi feito ao Hotel Praia do Tombo no Guarujá (SP) em 25 fevereiro de 2020 no valor de R$ 140 mil. O Carnaval de 2020 foi comemorado entre os dias 21 e 26.

Outro hotel da mesma cidade, desta vez o Hotel Ferraretto, recebeu R$ 1,4 milhão divididos em dez pagamentos ao longo de todo o período do governo Bolsonaro.

Os gastos com alimentação se destacaram na lista divulgada. No dia 2 de janeiro de 2022, o ex-presidente gastou R$ 71 mil no “Posto KA Brasil”. Os gastos foram definidos como “gêneros de alimentação”. Apenas um dia depois, Bolsonaro gastou R$ 61 mil em compras na Panificadora São Francisco do Sul. E em 8 de fevereiro de 2022, Jair Bolsonaro utilizou R$ 25 mil em um local descrito como hamburgueria e pizzaria.

A Padaria e Confeitaria Barão de Ipanema Ltda, de nome fantasia Santa Marta, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi outro estabelecimento que recebeu pagamentos do ex-presidente. Foram R$ 362 mil ao todo.

De acordo com o Decreto 5.355 de 25 de janeiro de 2005, o cartão corporativo é voltado para realizar pagamentos das "despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços".

Em coletiva nesta quarta-feira (12), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, falou sobre a quebra de sigilo de dados. “No dia 6 de janeiro, após concluído o mandato do presidente anterior, foram também disponibilizadas as informações do período 2018 a 2022”, afirmou.

Pimenta afirmou que os dados não têm relação com as informações que estão ainda sobre sigilo e são analisadas pela Controladoria-Geral da União (CGU). “Isso (a quebra de sigilo dos gastos do cartão corporativo) não tem nada a ver com o decreto que está em vigência, que no prazo de 30 dias a CGU fará uma análise de outras informações, de outros documentos, que foram colocados sob sigilos e que hoje estão sendo objeto de análise pelo novo governo”, completou Pimenta.

Ao longo de todo o mandato, Bolsonaro era categórico ao afirmar que não utilizava o cartão corporativo para suas despesas pessoais. Durante o governo foram feitos pedidos de acesso aos gastos, mas todos foram negados sob a alegação de que a divulgação das despesas poderia colocar o presidente e seus familiares em risco.

Antes da divulgação da lista de gastos de Bolsonaro, no dia 29 de dezembro de 2022, foram disponibilizadas as despesas dos cartões corporativos dos presidentes anteriores a partir de 2003. A lista inclui Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.