Bolsonaro pode ser preso por até 28 anos caso condenado; especialista tira dúvidas

Ex-presidente e outras 36 pessoas foram indiciadas pela PF por três crimes nesta quinta-feira (21)

Da Redação

O presidente Jair Bolsonaro pode ser preso por até 28 anos caso condenado pelos crimes em que foi indiciado pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21).

O ex-presidente e outras 36 pessoas foram enquadradas em três crimes pela PF: golpe de Estado, pena de quatro a 12 anos de detenção,  abolição violenta do Estado democrático de Direito, com pena de quatro a oito anos, e integrar organização criminosa com pena de três a oito anos de prisão. 

A soma total das penas dá o mínimo 11 anos de prisão, com o máximo chegando a 28 anos. 

Bolsonaro, o general Braga Netto, seu vice nas eleições de 2022, e outras 35 pessoas foram indiciadas pela PF.

Além dos atos criminosos de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília, o inquérito apura o recém-descoberto planejamento de atentados contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes após as eleições de 2022.

Bolsonaro é réu?

segundo  Gustavo Sampaio, professor de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense, em entrevista para a BandNews FM,  Bolsonaro e os outros indiciados ainda não são réus pelos crimes. Eles precisam ser denunciados pela Procuradoria-Geral da República para ser julgado pelo STF. 

“O titular da ação penal é o Ministério Público, as promotorias de Justiça na esfera Federal e na esfera máxima a procuradoria-geral do República, que é o caso. Essa procuradoria-geral que vai formar o seu convencimento para decidir se acusa ou não se decidir acusar encaminhará ao Poder Judiciário uma peça chamada denúncia, que é a petição inicial da ação penal. O Supremo Tribunal Federal vai julgar se deve receber ou não essa denúncia, ou seja, se a denúncia terá preenchido ou não os requisitos legais, e, se tiver preenchido, instaurar-se-á a ação penal no Supremo Tribunal”, explicou. 

Alexandre de Moraes é suspeito para julgar Bolsonaro? 

A primeira manifestação de Bolsonaro após ser indiciado foi de que o inquérito é totalmente controlado por Alexandre de Moraes, que seria suspeito para tal ação já que seria um dos alvos dos indiciados. 

Segundo o professor, isso não impede que o ministro do STF julgue o grupo. 

“O ministro Moraes não pode estar suspeito sempre não, porque o fato de a suspensão existir no Direito Processual Penal como uma causa para afastar um magistrado de um julgamento ou de uma relatoria não quer dizer que a pessoa interessada possa criar um fato contra a autoridade que vai julgar.  Se não seria muito fácil afastar um juiz de primeira instância, por exemplo”, afirmou. 

Apesar disso, Sampaio defende a opinião que seria saudável o STF tirar das mãos de Moraes o julgamento, principalmente do plano de assassinato do magistrado, para reforçar a visão de idoneidade da decisão. 

Quanto tempo o processo contra os acusados deve levar?

O especialista ainda afirmou que não há previsão sobre quanto tempo deve demorar para os indiciados serem condenados caso a PGR os denuncie. 

Por mais que existam prazos legais, há manobras jurídicas que façam com que eles não precisem ser cumpridos. 

“A lei de estabelece prazo e sim para cada etapa do processo do procedimento, mas a jurisprudência considera esses prazos como impróprios. O que significa dizer na prática? São prazos, mas não são prazos. São prazos só de orientação. Como o Poder Judiciário, sobretudo, e o Ministério Público também, dependem de causas que são alheias à sua vontade, essas causas justificam o retardo”, explicou. 

“Se você fosse pelos prazos estabelecidos no código de processo penal o julgamento aconteceria logo, mas em nome do devido processo da possibilidade de produção de novas provas testemunhas documentais.

Periciais isso pode se alargando no tempo. Ademais,  lá ao fim, o magistrado pode buscar mais tempo para formar o seu convencimento e prolatar uma sentença justa”, completou Gustavo Sampaio. 

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