Bolsonaro afirma que Enem está ficando a “cara do governo”

Presidente deu a entender que conteúdo da prova é verificado pelo Ministério da Educação, confirmando denúncias de interferência no INEP

BandNews FM

Jair Bolsonaro Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Jair Bolsonaro
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (15) que a prova do Exame Nacional do Ensino Médio está ficando com a “cara do governo”. O Enem é utilizado na seleção de vagas para universidades públicas e privadas espalhadas pelo país e tem as provas agendadas para os dias 21 e 28 de novembro.

O chefe do Executivo assegurou a realização das provas nas datas pré-estabelecidas. “O Milton [ministro da Educação] mandou mensagem para mim agora há pouco, diz que a prova do Enem vai correr na mais absoluta tranquilidade.", afirmou Bolsonaro.

Na semana passada, três dezenas de técnicos do INEP, órgão do Ministério da Educação responsável pela elaboração do exame, pediram demissão dos cargos de chefia após relatos de assédio moral e profissional, além de denunciarem censura na elaboração de questões do teste.

As denúncias levantaram questionamento sobre a realização da prova na data agendada e ainda sobre a interferência do governo na elaboração das questões, fatos que foram criticados por especialistas na área.

Em conversa com jornalistas durante evento em Dubai, onde esta desde sábado (13), Bolsonaro disse já ter conversado com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre a prova e disse: “Aquelas questões absurdas do passado,  que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente, algo voltado para o aprendizado.”.

A fala do presidente confirma em parte as denúncias dos demissionários, já que dá a entender uma validação das questões por pessoas que não são profissionais da educação.

Em 2018, já como presidente eleito, Bolsonaro reclamou de uma questão que abordava a cultura LGBT.

Falando sobre as demissões do servidores, o presidente disse: “Não quero entrar em detalhes, mas é um absurdo o que se gastava com poucas pessoas lá. Um absurdo, tá?”. Os funcionários que entregaram os cargos são concursados, logo têm as remunerações regidas pelo estatuto do servidor público.

A Frente Parlamentar da Educação na Câmara dos Deputados pretende fazer uma audiência pública para apurar as denúncias.