Boate Kiss era um labirinto, diz funcionária que trabalhava no local

Julgamento do caso começou nesta quarta-feira (1º), nove anos após a tragédia

Julgamento da Boate Kiss começou nesta quarta-feira (1º), nove anos após a tragédia Foto: Edison Vara/ Reuters
Julgamento da Boate Kiss começou nesta quarta-feira (1º), nove anos após a tragédia
Foto: Edison Vara/ Reuters

O julgamento do incêndio da Boate Kiss, que deixou 242 pessoas mortas e 636 feridas, começou nesta quarta-feira (1º), nove anos após a tragédia em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul.

Katia Pacheco, que trabalhava na boate, foi a primeira a prestar depoimento no Tribunal de Justiça de Porto Alegre. Ela foi escolhida para abrir os trabalhos por estar grávida.

A testemunha narrou para o Juiz Orlando Faccini Neto quando percebeu o início do incêndio e que devido a fumaça acabou desmaiando.

Ela ficou 21 dias entubada e precisou fazer enxertos com a pele de outras partes do corpo que não estavam queimadas. A depoente ainda disse que fez fisioterapia e não ficou com sequelas.

Apesar de ter trabalhado na Kiss por seis meses, Katia Pacheco contou que teve dificuldades para encontrar a saída e classificou a estrutura do local como "um labirinto".

O segundo depoimento desta quarta-feira foi de Kelen Leite Ferreira, de 28 anos. Ela teve 18% do corpo queimado e perdeu um pé em função do incêndio:

Kelen foi a primeira a chegar no Hospital de Caridade de Santa Maria. Por conta de seu estado de saúde, ela foi encaminhada para Porto Alegre, onde ficou internada por 78 dias, sendo 15 em coma.

Duas amigas que estavam com Kelen na boate morreram na tragédia. Durante o depoimento, ela disse, ainda, que não viu os fogos sendo acesos pela banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no momento da tragédia. Também afirmou que não havia nenhum controle do número de pessoas na boate e que não viu saídas de emergência sinalizadas no local.

Entre os réus estão quatro homens, dois sócios da boate e dois músicos que tocavam na noite do incêndio.

Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Lodeiro Hoffmann eram sócios da boate.

Marcelo de Jesus dos Santos era músico da banda Gurizada Fandangueira e Luciano Augusto Bonilha Leão era produtor musical e auxiliar de palco da banda.

Eles respondem pela morte das 242 pessoas por homicídio simples e por tentativa de homicídio das outras 636 pessoas que sobreviveram.

O que causou a morte das pessoas foi, além do incêndio, a espuma que revestia o local que liberou cianeto e a presença de guarda-corpos em frente à porta, o que dificultou a saída das pessoas da boate.

Seis homens e duas mulheres compõem o júri.