Os bancos começaram a suspender empréstimos consignados para os aposentados do INSS. A medida é uma reação à decisão do Conselho Nacional da Previdência Social que na última segunda-feira (13) reduziu os juros do consignado de 2,14% para 1,70% ao mês.
Os bancos alegaram que essa taxa não cobre o custo de captação do dinheiro.
Hoje, 89% dos empréstimos consignados para beneficiários do INSS são feitos por bancos privados.
O Palácio do Planalto não gostou da decisão do Ministério da Previdência, de Carlos Lupi. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou a medida um tiro no pé.
Esse é mais um episódio em que ministros são criticados por tomarem decisões sem passar por análise da Casa Civil e sem o aval do o presidente Lula.
Pelo menos 8 instituições financeiras comunicaram a clientes a suspensão das linhas de empréstimo com desconto em olha para aposentados. São eles: Mercantil do Brasil, Pan, Pag Bank, Bem Promotora, Daycoval, Itaú, C6 e Bradesco.
Técnicos da Caixa Econômica Federal afirmam que a instituição terá de dificuldade de manter a oferta, pois já cobra 1,8% ao mês, uma das baixas do mercado.
A medida foi proposta pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, e aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que tem representantes do governo, dos empregadores e trabalhadores, na segunda-feira. O problema é que o colegiado estava esvaziado, sem a participação de representantes dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criticou a decisão e alertou que a medida restringir o crédito para os beneficiários do INSS. "Os bancos que ofertam o consignado não reportaram à Febraban a suspensão da linha de consignado para aposentados do INSS. Como essa decisão não é uma iniciativa setorial, cada banco tem sua política comercial de concessão de crédito, não cabendo reportar à Febraban as linhas de crédito que concedem ou deixam de conceder", disse a entidade.
Segundo interlocutores, durante a reunião do CNPS, representantes dos bancos propuseram baixar o teto para 2,06% ao mês, mas a proposta foi recusada. O representante da Força Sindical no colegiado, Odair Antônio Bartoloso, disse que o único estudo apresentado por Lupi para embasar o corte foi a lista das taxas cobradas pelas instituições credenciadas, de 1,76% ao mês, considerando os maiores bancos.