Após passar por uma audiência de custódia, Hugo Miguel Duarte Macedo, de 44 anos de idade e técnico da equipe feminina do JC Amazonas, poderá deixar a Central de Flagrantes, em Salvador, na Bahia, mediante o pagamento de fiança, no valor de trinta salários mínimos.
No entanto, a legislação não prevê a possibilidade de fianças em caso de crimes por injúria racial ou racismo. A equipe de reportagem da Rádio BandNews FM questionou o Tribunal de Justiça da Bahia sobre a decisão que atribuiu fiança ao crime inafiançável e aguarda retorno.
Até o momento, Hugo Duarte encontra-se na capital baiana, onde aguarda até apresentar a quantia determinada. A decisão foi anunciada hoje e também inclui a suposta prática de desacato como um dos crimes praticados.
Além disso, Hugo deve cumprir medidas cautelares como a obrigação de comparecer, durante um ano à Comarca de Manaus e não ausentar-se por mais de oito dias da residência onde mora, sem autorização judicial.
O técnico precisa também manter uma distância superior a 200 metros da vítima - a zagueira Suelen, chamada de "macaca" durante o fim do jogo entre Bahia e JC Amazonas, em partida de volta das quartas de final do Campeonato Brasileiro A2 - e proibido de manter contato com ela ou seus familiares por qualquer meio.
O advogado Felipe Santiago, que representa o treinador, disse que Hugo não se lembra de ter dito a palavra. Além da jogadora, o diretor de Operações e Relações Institucionais do Bahia, Vitor Ferraz, um advogado, outras atletas e funcionários que testemunharam o caso foram para Central de Flagrantes.
A presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Racial da OAB Bahia, Camila Carneiro, auxiliou no processo de registro do boletim de ocorrência.
Por nota, o Bahia disse que cobra uma resposta à altura da gravidade e reitera o compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação.
Já o time amazonense também afirmou que repudia qualquer ato de racismo e disse que a acusação contra o treinador português está sendo investigada.
Ainda segundo o JC FC, o jurídico do clube também acompanha os procedimentos para que não haja "informações infames ou caluniosas" que prejudiquem os envolvidos.