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Atentado a Trump é relevante, mas eleição não está decidida, avalia especialista

Professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan defende que posicionamento de Biden sobre o atentado e os planos de governos serão decisivos na avaliação dos eleitorados indecisos

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O professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, concedeu uma entrevista exclusiva à BandNews FM para falar sobre o atentado que o ex-presidente Donald Trump sofreu no último sábado (13) durante comício no condado de Butler, na Pensilvânia.

De acordo com o especialista, a eleição norte-americana - que acontecerá em novembro deste ano - não está decidida. Embora a tentativa de assassinato seja um "vetor relevante", ainda há muito para acontecer e o atual presidente Joe Biden tem chances de se reeleger.

Trevisan apontou que o episódio será lembrado como um "marco divisório" na campanha eleitoral deste ano e que ficou claro que a campanha de Trump irá utilizar o caso para construir a imagem de que o ex-presidente é um herói.

"Quando olhamos para a eleição norte-americana, Biden tinha razão quando dizia: 'Ninguém pode dizer que eu não vou ganhar a eleição, as pesquisas não dizem isso'. É verdade. Mesmo depois do debate, as pesquisas dizem que em 42 estados que são tradicionais, ou democratas ou republicanos, eles estavam empatados, os dois candidatos, em 46%", disse.

"De 85% a 88% dos eleitores já se definiram, ou são democratas ou são republicanos, e estão empatados. Esses 7 estados 'swing' é que vão mudar. […] O que isso significa? Que apenas 7 estados vão decidir a eleição. Quantos nesses estados vão prestar atenção nessa imagem? As primeiras sinalização são de que a mesma polarização que existe na sociedade norte-americana, ela sobrevive na absorção dessa imagem", completou.

O professor explica que, embora o filho de Trump, Donald Trump Júnior, tenha declarado que seu pai deu a vida pelos Estados Unidos da América, é preciso questionar quantos eleitores irão absorver a narrativa.

"Política é percepção. A percepção era a fragilidade de Biden. Substituiu-se a discussão de fragilidade por uma discussão de força. Qual foi a resposta da estratégia de campanha de Biden? Oferecer uma imagem de serenidade, de que a sociedade norte-americana não pode suportar mais tensão política. Não será pela violência. Vamos rebater a imagem da força com a serenidade e a moderação", analisou.

Em relação ao atentado, o professor disse que há margem para os democratas trabalharem uma absorção diferente e ressaltar que se trata de uma tragédia. "Ousaria dizer que a figura do bombeiro que deu a sua vida nesse episódio pode ser mais forte. Os democratas podem utilizá-lo para dizer que duas crianças ficaram sem pai. A ideia de serenidade, de moderação que Biden vender vai superar a ideia de fragilidade. A eleição não está decidida", pontuou.

Por fim, o especialista também disse acreditar que os planos de governo deverão exercer um papel fundamental no andamento da campanha. "O principal ponto do plano de governo de Trump, de transformar impostos em tarifas, significa que a ideia de progressividade de ricos pagarem mais impostos e pobres pagarem menos imposto será substituído por uma tarifa igual a todos. Trump diz que os ricos precisam pagar menos impostos para gerar mais investimento. Precisa saber se os pobres vão se convencer disso, se a classe média norte-americana vai se convencer disso", finalizou".

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