A Associação dos Peritos Oficiais do estado do Rio de Janeiro declarou nesta quinta-feira (04) que a perícia do caso Marielle Franco deveria ter sido feita pelo Instituto de Polícia Científica, e não por profissionais da Divisão de Homicídios.
A declaração foi dada pela vice-presidente da associação e membro da Associação Brasileira de Criminalística, Denise Riviera, durante uma entrevista coletiva.
Segundo a especialista, a perícia feita não tem credibilidade, uma vez que os agentes da Divisão de Homicídios são subordinados a um delegado e não têm a "neutralidade" dos peritos da Polícia Científica.
O responsável pela Delegacia de Homicídios na época do crime, Giniton Lages, é investigado pela Polícia Federal por supostamente ter desviado o curso da apuração. Acusado do mesmo crime, o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa também foi preso.
O presidente da Associação dos Peritos, Thiago Hermida, destacou que as munições encontradas no local do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes eram de um lote pertencente à Polícia Federal, e cobrou esclarecimentos.
Hermida criticou ainda a falta de perícia e provas em relação às informações dadas pelo ex-policial militar Ronnie Lessa em colaboração premiada. Lessa está preso e confessou ter atirado em Marielle. O relato dele serviu como base para a prisão dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acusados por ele de serem os mandantes do crime.
Durante o evento, ele citou também a falta de conclusão de homicídios ligados à contravenção citados no relatório final da Polícia Federal sobre o caso Marielle. Segundo a associação, 89% dos casos de homicídio em todo o estado ainda não foram solucionados.