A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos vai enviar para a Justiça as conclusões de uma investigação sobre a atuação do general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, à frente do escritório em Miami, nos Estados Unidos.
Uma apuração interna concluiu que houve "delitos e graves desvios de conduta" durante o período do militar no exterior e que, além disso, ele usou indevidamente a estrutura da Apex Brasil para negociar as joias vendidas irregularmente por assessores do ex-presidente.
Em uma nota divulgada para a imprensa, a Agência cita também "afastamento das funções" e "defesa de pautas golpistas" e que o general, segundo as investigações da Polícia Federal, atuou como suporte para o filho e para o ex-presidente na negociação desses bens.
A investigação é baseada em depoimentos de 16 funcionários e ex-funcionários, além da análise de documentos.
A Comissão criada para apurar as irregularidades afirmou também o general recebeu no próprio gabinete um corretor que transportou as joias recebidas por Bolsonaro, e que usou a estrutura da Apex Brasil para visitar o acampamento no quartel-general do Exército, em Brasília, no final de 2022.
Na época, ele manifestava aos funcionários a convicção de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tomaria posse e que o ex-presidente continuaria no poder mesmo após a derrota nas eleições.
Além disso, usou o celular corporativo para fotografar os itens dentro das dependências da agência e compartilhar o material pelo WhatsApp depois da própria demissão, contrariando o procedimento padrão de devolução e apagamento dos dados determinado pela Apex.
Outra irregularidade apontada é que o passaporte oficial com visto de trabalho vinculado à Agência jamais foi devolvido e que o general continuou frequentando a sede do escritório mesmo depois de ser demitido.
Além disso, a Apex Brasil afirmou que o médico de Bolsonaro, Ricardo Camarinha, era funcionário fantasma do escritório.
As conclusões da comissão serão enviadas à Polícia Federal, ao Supremo Tribunal Federal e também para o Tribunal de Contas da União.
Na internet, Jair Bolsonaro compartilhou um artigo de um jurista que defende que "pela legislação atual, os presentes são para os presidentes, e não para a União."