O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (7) pela manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano. É a quinta reunião consecutiva que o Banco Central mantém a mesma taxa, o que era esperado pelo mercado financeiro. A taxa de juros não sofre alterações desde o início de agosto.
Segundo o Banco Central, embora a reoneração dos combustíveis tenha reduzido a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo, ainda há fatores de risco para o cenário inflacionário. Entre elas, a incerteza sobre o arcabouço fiscal do governo.
Ainda de acordo com a autoridade monetária brasileira, a quebra de bancos nos Estados Unidos e na Europa elevou as incertezas e a volatilidades dos mercados. Além disso, a inflação ao consumidor “segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta da inflação".
Segundo o Copom, para 2023, a meta de inflação foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Já para 2024, a meta é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses, de 5,56%, os juros reais no Brasil ficaram em 6,94%, maior patamar entre os países do mundo. A segunda posição é do México, com 6,05%, seguido pelo Chile, com 4,92%.
A manutenção da Selic ocorreu e meio a cobranças de diversos membros do governo federal, inclusive o presidente Lula, para que a taxa seja diminuída.
Em entrevista à BandNews FM, o economista Roberto Luís Troster considerou a medida acertada e destacou que a autonomia do Banco Central foi respeitada.
De acordo com Troster, a taxa de juros só deve começar a ser diminuída a partir do meio do ano. Mesmo assim, a Selic deve encerrar o ano acima dos 10%.
Já para o economista e sócio -fundador da Inter B Consultoria Internacional, Claudio Frischtak, os ataques do governo colocaram uma pressão desnecessária sobre o Banco Central, colocando a autoridade monetária brasileira em uma posição desconfortável.
O economista Álvaro Bandeira avalia que há uma clara “queda de braço” entre a autoridade monetária e o governo do presidente Lula. Ele destaca que a falta de posicionamento para uma redução futura vai manter a "disputa" entre os envolvidos.
Ainda nesta quarta, o ministro da Fazenda afirmou que vê com muita preocupação a possibilidade de o Banco Central aumentar a taxa de juros na próxima reunião do Copom, em maio. Segundo Fernando Haddad, o atual patamar em 13,75% pode afetar toda a economia.
O ministro disse que fará chegar ao Banco Central as medidas que estão sendo tomadas em meio ao debate sobre a taxa de juros. Para Haddad, o governo irá aguardar a ata do Copom para entender o que motivou o Comitê a manter a Selic em 13,75%.
Ainda segundo o ministro, a falta de informações sobre a nova regra fiscal não afetou a análise da autoridade monetária. Os detalhes do projeto serão revelados após a viagem do presidente Lula à China.