As Fake News se tronaram um dos maiores desafios das autoridades brasileiras. O potencial negativo, inclusive destrutivo, das notícias falsas já foi provado em diversos casos. Em entrevista à BandNews FM, o editor do projeto Comprova, Sérgio Ludtke, destaca, no entanto, que nem sempre a divulgação dessas mentiras tem viés ideológico.
Segundo ele, muitas vezes o propósito de quem espalha essas Fake News é essencialmente monetário. Dessa forma, muitas pessoas aproveitam para “surfar” na onda das notícias falsas e ganhar dinheiro com isso.
Para Sérgio Ludtke, uma das formas de solucionar a questão é regulando as mídias sociais. Mas para isso, é preciso definir o que é desinformação, uma vez que é possível construir uma mentira a partir de notícias verdadeiras.
Por outro lado, o empecilho está no fato de que as plataformas facilitam o espalhamento das Fake News ao oferecerem conteúdo para disseminação. Segundo Ludtke, os produtores de conteúdos precisam ser responsabilizados pelo que compartilham.
A judicialização da regulação de redes sociais é utilizada como recurso limite, ainda de acordo com o editor do projeto Comprova, para minimizar os danos causados a população. Mas esse tipo de decisão, lembra Ludtke, pode ter efeito sobre a liberdade de expressão e precisa ser amplamente discutido pela sociedade.
O problema se tornou ainda mais evidente a partir de 2018, quando grupos bolsonaristas começaram a usar essa estratégia para promover desinformação. Na noite de terça-feira (10), por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou um vídeo com o trecho da entrevista de Felipe Gimenez, procurador do estado do Mato Grosso, alegando que o presidente Lula, não foi escolhido pelo povo e sim por ministros do STF e TSE.
O conteúdo permaneceu ativo por duas horas, após a remoção pelo ex-presidente. Segundo Sérgio Ludtke, essa é uma estratégia para conseguir ter engajamento, pois o conteúdo é compartilhado em outras plataformas. E mesmo com a retratação, a publicação inicial, de cunho sensacionalista, tem mais alcance.