Os nove militares lotados no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República afirmaram para a Polícia Federal que agiram para conter os criminosos de 8 de janeiro e disseram haver risco de vida para uma atuação mais firme nas dependências do Palácio do Planalto. Segundo fontes da PF, os agentes mantiveram a versão já apresentada pelo general Gonçalves Dias, que comandava o GSI e pediu demissão após a divulgação de imagens do circuito interno das dependências da sede do Executivo.
Os investigadores querem saber se os homens do GSI facilitaram a ação dos invasores. Todos os agentes já eram investigados. Mas o vazamento de imagens gravadas por câmeras de segurança, que não estavam na investigação, levou o ministro do supremo Alexandre de Moraes a determinar interrogatórios no prazo de 48 horas.
Nas filmagens é possível observar o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional Gonçalves Dias e alguns subordinados conversando com os criminosos.
Entre os ouvidos pela PF no fim de semana, está o major José Eduardo Natale Pereira, que foi filmado dando água aos vândalos. No depoimento, segundo fontes da PF, ele disse que fez isso para acalmar os manifestantes, e também como moeda de troca, para que depois, eles descessem do terceiro andar para o segundo andar, onde eram feitas as prisões.
A versão dada por Pereira é a mesma que Gonçalves Dias usou para se defender no depoimento de sexta-feira (23). O ex-ministro alegou que tentava levar os invasores para o piso inferior e afirmou ainda que teria sido enganado por agentes do GSI sobre o funcionamento das câmeras e, por isso, havia dito à presidência que as imagens daquele dia, naquele andar, não poderiam ser recuperadas.
De fato, outro vídeo mostra os golpistas detidos no Salão Nobre, no segundo andar, sendo encaminhados em fila para o ônibus da PM.
Em outro momento, o major Pereira orienta os vândalos a descerem pelas escadas. Ele e um invasor chegaram a trocar empurrões. O homem entra na antessala do gabinete do presidente, e depois é retirado.
Os outros militares que prestaram depoimentos foram: general Carlos Feitosa Rodrigues, coronel Wanderli Batista da Silva Júnior, coronel Alexandre Santos de Amorim, coronel André Luiz Garcia Furtado, tenente-coronel do exército Alex Marcos Barbosa Santos, tenente coronel do corpo de bombeiros Marcus Vinicius Braz de Camargo, capitão do exército Adilson Rodrigues da Silva, e o sargento da aeronáutica Laércio da Costa Júnior.
Nesta semana, novas reuniões vão acontecer para definir o destino do Gabinete de Segurança Institucional.
Existe a possibilidade do GSI perder status de ministério e se tornar uma secretaria no Ministério da Casa Civil.
