A startup Ocellott, com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, está se destacando no desenvolvimento de baterias especializadas para os "Carros Voadores", aeronaves elétricas de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOLs), uma tecnologia promissora para a mobilidade urbana.
Esses veículos, que utilizam motores elétricos e permitem decolagens e pousos verticais, são vistos como uma alternativa moderna e eficiente para o transporte em áreas urbanas congestionadas.
Rodrigo Junqueira, engenheiro de controle e automação e diretor de negócios da Ocellott, explica que o desenvolvimento dessas baterias enfrenta desafios específicos, como a necessidade de manter o peso baixo, garantir um carregamento rápido, alta capacidade de potência e longa vida útil. Embora as baterias de carros elétricos compartilhem algumas semelhanças com as usadas em eVTOLs, o foco da startup, Localizada no PIT (Parque de Inovação Tecnológica) em São José dos Campos (SP), é criar soluções mais leves e eficientes, essenciais para o funcionamento dos veículos voadores.
A Ocellott projeta um futuro onde os eVTOLs serão tão comuns quanto os carros, e os passageiros poderão solicitar esses veículos por aplicativo. Junqueira destaca que, apesar do potencial da tecnologia, existem muitos desafios pela frente, como a criação da infraestrutura necessária para recarga e regulamentação operacional, o que pode atrasar a adoção em larga escala. No entanto, ele é otimista e prevê que, a partir de 2026, os primeiros eVTOLs estarão disponíveis no mercado, embora as operações comerciais em grande volume ainda demorem para serem estabelecidas.
A startup projeta que a demanda por suas baterias começará a crescer em 2026, à medida que os eVTOLs entrem em operação, inicialmente em volume reduzido. Junqueira estima que, com o tempo, a produção de baterias se expandirá, especialmente com o mercado de reposição, já que as baterias terão de ser substituídas quando atingirem o fim de sua vida útil. Ele acredita que, em cinco anos ou menos, o mercado de reposição será uma realidade crescente.
Sobre a startup
Com nove anos de atuação, a Ocellott já expandiu suas operações para o exterior, com escritórios na Flórida, EUA, e participação em missões internacionais, como na FAPESP Week China e Itália. Junqueira destaca que a agilidade e a competência da empresa no desenvolvimento de tecnologias complexas são seus principais diferenciais no mercado global, que ainda é dominado por fornecedores tradicionais de sistemas para a aviação, que estão mais focados no mercado consolidado de aviões tradicionais e no setor militar.
Carro voador da Embraer
A Eve Air Mobility, empresa associada à Embraer, obteve recentemente um financiamento de US$ 50 milhões do Citibank para a fabricação de aeronaves eVTOL (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical). Esses veículos, popularmente chamados de “carros voadores”, serão produzidos em Taubaté, interior de São Paulo, onde a Embraer já consolida um complexo industrial e de pesquisa focado em mobilidade aérea urbana. O capital fortalecerá o programa de pesquisa e desenvolvimento da empresa, elevando a liquidez da Eve para aproximadamente US$ 480 milhões no segundo trimestre de 2024.
A aeronave eVTOL da Eve utiliza uma configuração inovadora de decolagem e cruzeiro, com rotores específicos para voo vertical e asas fixas para voo em cruzeiro, uma combinação que visa oferecer baixo custo operacional e eficiência energética. Com o suporte técnico e financeiro da Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a Eve se destaca com um backlog robusto de até 2.900 veículos e se prepara para realizar uma ampla campanha de testes com o protótipo já apresentado no Farnborough Air Show, no Reino Unido.
