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Ronnie Lessa: vida de ex-PM é marcada por leituras e escrita atrás das grades

Ex-policial militar está detido em uma penitenciária de segurança máxima em Tremembé (SP); Lessa está preso desde 2019 pelo assassinato de Marielle Franco

Redação Band Vale

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Como serão primeiros dias de Ronnie Lessa preso em Tremembé (SP)
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Ronnie Lessa, ex-policial militar, está prestes a concluir o regime de observação em que se encontra na Penitenciária 1 "Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra", uma unidade de segurança máxima localizada em Tremembé, no interior de São Paulo. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou que Lessa, como todos os custodiados, tem direito a banho de sol durante esse período.

Ele está preso desde 2019, acusado de participar da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Lessa chegou à penitenciária na tarde de 20 de junho de 2024, após ser transferido da Penitenciária Federal de Campo Grande na manhã do mesmo dia. A transferência foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a um pedido da defesa de Lessa.

Durante o tempo na prisão, Lessa realizou diversos estudos e cursos, leu livros famosos e também chegou a desenvolver um quadro de depressão. Segundo apuração do Jornalismo da Band Vale, ele está escrevendo um livro dentro da penitenciária

Depressão e leitura de romances 

Lessa participou do Projeto Remição pela Leitura, no qual redigiu relatórios sobre obras literárias renomadas, incluindo romances como “A Culpa é das Estrelas” e “Querido John”. Confira a lista de alguns livros lidos por Lessa: 

  • “Vidas Secas”;
  • “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água”;
  • “Tratado da Argumentação”;
  • “Viciada em Feng Shui”;
  • “A Volta por Cima”;
  • “Querido John”;
  • “A Culpa é das Estrelas”.

Além das leituras, Lessa fez cursos de agropecuária e espanhol, e concluiu formações como mecânico e auxiliar administrativo. De acordo com ele, pretende se tornar fazendeiro após o cumprimento da pena. Durante a apuração, realizada pelo jornalismo da Band Vale, constatou-se que ele faz leitura diária da Bíblia e mantém contato com a família através de cartas e visitas sociais.

Ronnie Lessa afirmou sentir um forte sentimento de injustiça, alegando não ter cometido o crime pelo qual foi condenado e nem participado de qualquer ato ilícito. Ele precisa de acompanhamento psicológico e psiquiátrico devido à depressão que desenvolveu. Em janeiro de 2021, foi relatado que Lessa estava deprimido, apresentando um discurso choroso, queixando-se de insônia e admitindo ter idealizado cometer suicídio. Ele mantém boa conduta carcerária.

Ficha corrida

Ronnie Lessa possui antecedentes criminais por tráfico internacional de armas de fogo, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e homicídios qualificados. Ele é sargento reformado da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro (PMERJ), aposentado após um atentado em 2019, quando um artefato explosivo colocado embaixo do carro no qual estava explodiu, resultando na amputação da perna esquerda. Desde então, ele usa uma prótese.

Há indícios de que Lessa tenha ligações com grupos paramilitares (milícias) que atuam nas regiões de Gardênia Azul, Rio das Pedras, Musema e Itanhangá, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele estaria vinculado a possíveis integrantes do "Escritório do Crime", organização criminosa envolvida em exploração imobiliária ilegal e grilagem. Além disso, Lessa estaria relacionado com a contravenção (jogos de azar) em várias localidades do Rio de Janeiro, incluindo Abolição, Estácio, Marechal Hermes, Bangu, Padre Miguel e Barra da Tijuca.

Em 12 de março de 2019, Ronnie Lessa foi preso por suposta participação na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Rotina de Lessa na prisão 

De acordo com a SAP, Lessa permanecerá em regime de observação até o dia 10 de julho, quarta-feira. Durante esse tempo, ele está em uma cela de 9 m², onde é monitorado para avaliar seu comportamento e garantir a segurança dentro da unidade. Este regime é um procedimento padrão para novos detentos em presídios de segurança máxima, permitindo uma adaptação gradual ao ambiente carcerário.

 

Transferência para Tremembé (SP)

A transferência de Lessa foi realizada com um esquema de segurança rigoroso. Escoltado por viaturas da Polícia Penal Federal, ele deixou Campo Grande em um voo fretado da Força Aérea Brasileira (FAB) às 9h47 da manhã, chegando à penitenciária de Tremembé por volta das 13h45. A mudança para Tremembé foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a um pedido da defesa de Lessa. Este período inicial de observação é crucial para garantir que todas as medidas de segurança sejam adequadamente implementadas, assegurando a ordem e a disciplina no presídio.

Pena em regime fechado

O acordo de delação firmado entre a Polícia Federal e Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, prevê o cumprimento total de pena de 18 anos em regime fechado, contados a partir da data de sua prisão.

Lessa está detido desde março de 2019, restando cumprir mais 13 anos para o fim do regime fechado. Após 2037, o ex-PM terá de cumprir mais dois anos em regime semiaberto e outros dez em livramento condicional. Seguindo o acordo e cumprindo as medidas de se apresentar à Justiça e não viajar, Lessa poderá ir para a liberdade total.

O termo de delação foi assinado pela Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Ministério Público do Rio, além do próprio Lessa, em 16 de fevereiro de 2024. A delação pode ser suspensa caso se comprove que Ronnie Lessa mentiu ou omitiu provas durante as confissões.

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