"Oscar" dos quadrinhos: Obra de roteirista de Paraibuna (SP) vence categoria do Troféu HQMIX

Rogério Faria foi premiado pela obra Pobrefobia: Vivências das ruas com Padre Júlio Lancellotti, que aborda o preconceito e a marginalização enfrentados pelas pessoas em situação de rua no Brasil

Redação Band Vale

"Oscar" dos quadrinhos: Obra de roteirista de Paraibuna (SP) vence categoria do Troféu HQMIX
Rogério Faria recebendo o prêmio na 36ª edição do Troféu HQMIX
Imagem/ Arquivo Pessoal

O roteirista de quadrinhos Rogério Faria, natural de Paraibuna (SP), é um dos vencedores da 36ª edição do Troféu HQMIX, considerado o “Oscar dos Quadrinhos no Brasil”. Ele foi premiado na categoria “Publicação Mix” pela obra Pobrefobia: Vivências das ruas com Padre Júlio Lancellotti, que aborda o preconceito e a marginalização enfrentados pelas pessoas em situação de rua no Brasil.

A premiação aconteceu no dia 11 de dezembro, no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, com apresentação de Serginho Groisman e trilha sonora do DJ MZK. O troféu, conhecido como Muriel, foi desenhado pela cartunista Laerte, reforçando o caráter inclusivo da cerimônia.

Rogério explicou que o projeto nasceu de um convite do próprio Padre Júlio Lancellotti, após ele conhecer outras obras do autor, como Paulo Freire Presente e Marighella Livre. A partir de relatos coletados em rodas de conversa realizadas pelo padre com a população em situação de rua, Rogério desenvolveu os roteiros que foram ilustrados por uma talentosa equipe de artistas: Laura Athayde, Lila Cruz, Luiza Lemos, Danilo Dias, Pedro Balduino e Raphael Salimen.

"Durante o segundo semestre de 2022 eu passei alguns meses acompanhando algumas rodas de conversa que ele faz diariamente com a população de rua em São Paulo. A partir dos relatos que eu ouvi lá, eles me inspiraram a escrever as histórias de pobrefobia. E são relatos que trazem muitas histórias de marginalização, de violência, de preconceito, mas também tem muito amor, tem muito carinho, tem muito afeto envolvido na rotina dessas pessoas. E eu tentei trazer tudo isso para essas histórias em quadrinhos”, declarou Rogério.

Além de ser reconhecido no HQMIX, o quadrinho está concorrendo ao 40º Troféu Angelo Agostini como melhor lançamento de 2023. A votação popular segue aberta até o próximo domingo, dia 15, pelo site oficial da premiação.

Sobre o quadrinho

Pobrefobia reúne seis histórias baseadas nas vivências de pessoas em situação de rua em São Paulo. A obra denuncia o preconceito estrutural contra os pobres, conhecido como "pobrefobia", ao mesmo tempo que retrata momentos de solidariedade e esperança. 

Pobrefobia: Vivencias Das Ruas Com Padre Julio Lan - Draco
Imagem/ Divulgação

O projeto também teve um impacto social direto, com 500 exemplares sendo distribuídos gratuitamente para a população de rua.

“Desde o início, assim, a gente teve como ideal de público, não só, assim, os leitores, em geral, de quadrinho, mas a gente também teve como foco, desde o trabalho do roteiro, a população de rua, porque esse trabalho seria lido por eles. E nós queríamos que eles lessem esse trabalho de uma forma que eles se sentissem representados nessas páginas, que a realidade deles estivesse retratada ali, mas que eles não fossem subestimados como pessoas, que eles não fossem diminuídos, né, como seres humanos”, afirmou Rogério.

Pobrefobia: vivências das ruas com Padre Júlio Lancellotti | Amazon.com.br
Imagem/ Divulgação

Campanha

Os leitores e fãs de quadrinhos podem apoiar Pobrefobia no Troféu Angelo Agostini. Para votar, basta acessar aqc-sp.com.br até 15 de dezembro.

Sobre o Troféu HQMIX

O Troféu HQMIX revelou os vencedores da sua 36ª edição, destacando as melhores produções da área de Quadrinhos no Brasil. Este ano, 1.710 itens foram inscritos, incluindo mais de 600 obras produzidas em 2023, avaliadas por uma banca de júri oficial que dedicou cinco meses à análise das diversas categorias. Na segunda etapa, a avaliação ficou a cargo do júri nacional, formado por mais de 1.300 profissionais do setor, entre autores, editores, pesquisadores e jornalistas. 

Para Rogério, o troféu representa não só uma realização profissional, mas também uma realização pessoal. 

“A premiação foi agora na quarta-feira, eu fui lá receber o troféu e a sensação é bem indescritível, é fantástico, porque o prêmio já tem, já é o 36º prêmio, ele tem 35 anos e acompanhei esse prêmio, venho acompanhando o prêmio, diversos dos meus ídolos na área de quadrinhos, de pessoas que eu admiro, subiram no palco para receberem seus troféus lá, serem premiados, e de repente eu tive a oportunidade de estar lá também”, afirmou. 

Além disso, o roteirista também ressaltou a importância do trabalho em equipe, que o levou até os palcos para receber o prêmio: “Naquele momento que eu recebi o prêmio era receber aquele prêmio como representante de toda a equipe que construiu esse quadrinho.”

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