Quando a nuvem de fumaça diminuiu, um enorme grupo de pessoas se aproximou do local do acidente. Celulares apontavam para o que sobrou da aeronave ainda em chamas na faixa de areia na praia do Cruzeiro. Olhares curiosos, outros assustados e preocupados com a cena desesperadora. Qual a chance de sobreviventes?
Quem viu, se mobilizou e correu para mais perto do avião. O ato foi espontâneo, generoso e corajoso. Ana Carolina Ribeiro trabalha perto do aeroporto de Ubatuba. Ela ouviu o barulho da explosão. Quando percebeu o que aconteceu, não pensou nos riscos e foi o mais próximo da aeronave que conseguiu. Foi quando encontrou uma das vítimas, a filha do casal, de 4 anos. Ana relata que a criança estava desacordada.
Com curso de comissária de bordo e também formada em tecnologia em transporte aéreo, ela se preparava para reanimar a menina, quando uma enfermeira chegou para ajudar e seguiu com o resgate. “A força que eu tive ali, só tenho que agradecer a Deus. Foi uma emoção muito grande. Nunca pensei que poderia presenciar algo assim e ainda conseguir ajudar as pessoas. Foi uma coisa de filme”, desabafa.
Renan de Souza, auxiliar de operações, também estava perto do aeroporto no momento do acidente. Ele trabalhava quando viu a explosão da aeronave. Correu para a praia em busca de possíveis vítimas. Chegou antes dos bombeiros. “Foi um susto muito grande. Eu também tenho filhos, então, quando vi a criança desacordada, meu Deus, foi de cortar o coração. A gente fez o pode para ajudar”, disse.
Pedro Romano é comerciante e também trabalha perto do local do acidente. Quando chegou na praia, ouviu gritos dentro da aeronave. Ele viu o piloto, Paulo Seghetto, ainda vivo. Pedro conta que ignorou as chamas e tentou quebrar o vidro da cabine com uma barra de ferro para salvar o piloto, mas a maré começou a subir e ele não conseguiu. O comerciante quebrou a última janela da aeronave e resgatou a mulher, de 41 anos, além das duas crianças. “Eu consegui retirar o menino da aeronave. Ele não disse nada, estava desorientado. Coloquei a criança no colo e levei para a ambulância. Depois, voltei e ajudei a resgatar a mulher. Ela tinha dificuldade para respirar. Peguei um cilindro de oxigênio e levei para ela. Sinto por não ter conseguido salvar o piloto. Ele ainda estava com vida quando cheguei”, conta.
O piloto Paulo Sergio Seguetto, de 55 anos, foi o único que não resistiu ao acidente e morreu. O corpo dele foi enterrado nesta sexta-feira, 10, em Ribeirão Preto. Os outros quatro ocupantes, todos da mesma família, sobreviveram. Eles foram atendimentos inicialmente em hospitais do litoral norte e encaminhados para a capital paulista, também na sexta-feira.