O Ministério Público anunciou o arquivamento do caso envolvendo a influenciadora digital Andrea Costa, que relatou ter sido vítima de assédio em um shopping de São José dos Campos, interior de São Paulo. A decisão do arquivamento do caso foi enviada pela influenciadora ao Jornalismo da Band Vale nesta quinta-feira (18).
A denúncia foi feita pela influenciadora em agosto de 2023, quando afirmou ter sido seguida por um homem que, posteriormente, ejaculou em sua perna na escada rolante. A denúncia ganhou visibilidade através das redes sociais e resultou no registro de um boletim de ocorrência.
O arquivamento do caso foi decidido com base na análise do Ministério Público, que concluiu não haver elementos suficientes para o oferecimento de denúncia. A decisão informa que Andrea Costa tem o prazo de 30 dias, a contar do primeiro dia útil da notificação, para solicitar a revisão da decisão de arquivamento. A empresária já viralizou nas redes sociais após proibir a entrada de homens em loja por causa de outros assédios (Confira mais informações abaixo).
"Estou tremendo de nervoso. Por isso as mulheres se calam, porque o próprio MP silencia nossas denúncias. Tinha vídeo que o shopping diz ter entregue às autoridades, levaram meu vestido a perícia, fiz tudo que a lei pede e diz pra ser feito para nos proteger e nada nada foi feito. Já tinham imagem do indivíduo fazendo o mesmo com mais 2 mulheres no mesmo shopping e agora ficará impune como todos os outros assediadores. Só fazem algo quando chega o atestado de óbito de uma mulher", afirmou a vítima durante contato com a nossa equipe de jornalismo.
Relato da vítima
“Estava eu subindo, quando senti algo escorrendo na minha perna. Parecia água. Já olhei para trás e vi um cara no degrau debaixo, colado na minha bunda. Vi se ele estava com garrafa de água, porque um líquido caiu em mim, mas ele estava com a mão no bolso, fazendo gestos. Foi tão surreal que eu não consegui captar aquilo.”
“Ele estava de máscara, de boné, e não olhou mais para trás para eu não o reconhecer. Quando entrei na minha loja, as meninas falaram que não era água. Tinha p**** na minha perna. Eu corri para dentro, passei álcool. A minha bunda toda estava suja”, completa.
A empresária afirma que ficou sem reação e que teve crises de ansiedade e pânico quando entendeu que havia sido vítima de um assédio.
De acordo com Andrea, em conversa com um segurança do shopping ele teria lhe dito que a presença do rapaz pelo shopping é “rotineira”. Ainda segundo a empresária, o guarda teria falado também que outras mulheres já haviam passado pelo mesmo tipo de assédio.
“Agora estou fazendo boletim de ocorrência, chamei a segurança toda do shopping. E sabe o que eu descobri? Eu não sou a única. Quando fui falar para o segurança, ele perguntou se era um alto e eu disse que é. Aí ele falou que ele já fez com mais duas. O segurança sabia. Por que ninguém fez nada?”
Ela afirma ainda ter visto as imagens de câmeras de monitoramento do shopping que mostram o agressor a seguindo desde a rua, cruzando o shopping e subindo a escada rolante “grudado” nela.
Loja proíbe entrada de homens para evitar assédio
Uma loja de roupas femininas no Centro de São José dos Campos colocou cartazes na porta proibindo a entrada de homens. Segundo a proprietária, a intenção é evitar assédio. A loja fica no Shopping Centro. Segundo Andrea Costa, empresária responsável, era comum homens entrarem na loja apenas para olhar as mulheres que frequentavam o local.
“Temos um estúdio de fotos e vídeos dentro da loja. Nosso público é 99% de internet. Usamos para nossa divulgação. Vendemos moda praia entre uma variedade de looks para todas as ocasiões. A loja foi montada com o conceito de que as clientes devem se sentir à vontade na hora de experimentar as roupas. Muitas já aproveitam para fazer fotos e postar nas redes sociais”, disse Andrea Costa. A empresária afirma que o espaço foi criado para que as mulheres se sintam confortáveis, o que não ocorria com a entrada frequente de homens no local.
“(Eles) ficavam atrás das mulheres. Quando não era depreciando o corpo delas, era olhando as outras clientes. Já fiz ambientes estratégicos para que eles se sentem e não tenham aceso visual ao estúdio, mas eles dizem que não querem sentar”, explicou.