As investigações da Polícia Federal, que levaram à operação "Catwalk" em São José dos Campos, revelaram detalhes do sofisticado esquema de tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual. A organização criminosa atraía jovens por meio de uma falsa agência de modelos, prometendo trabalho no exterior com altos ganhos e vida luxuosa.
Como funcionava o esquema?
O processo de aliciamento começava com seleções realizadas no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. A agência buscava mulheres jovens, com um perfil específico, que acreditavam estar embarcando em carreiras promissoras de modelo.
Contudo, ao serem aprovadas, as candidatas tinham seus passaportes retidos pela organização e eram enviadas inicialmente a Dubai. Lá, ficavam aguardando uma nova triagem antes de serem transferidas para outros países, como Arábia Saudita, Estados Unidos, além de destinos europeus e asiáticos.
Vida de luxo como fachada para exploração
No exterior, as vítimas eram submetidas a exploração sexual sob falsas promessas e contratos abusivos. Elas viviam em aparente luxo, com hospedagens e bens de alto padrão, e eram incentivadas a divulgar essa imagem em redes sociais para atrair novas vítimas. No entanto, estavam sujeitas a cláusulas contratuais que previam multas milionárias e até exigências como exames de DST.
Sem liberdade de movimento, as mulheres eram monitoradas constantemente e obrigadas a repassar até 60% dos valores obtidos com a exploração sexual à falsa agência. A organização criminosa usava criptomoedas para receber os pagamentos, dificultando a rastreabilidade das transações.
Agressões e ameaças
Casos de violência física e ameaças foram documentados, incluindo um episódio em que uma vítima foi agredida por não realizar o pagamento das comissões devidas.
Desmantelamento do esquema
A operação "Catwalk" não só conseguiu interromper o envio de novas vítimas, como também garantiu medidas cautelares, como a apreensão de passaportes, o bloqueio de bens e a proibição da emissão de novos documentos de viagem aos envolvidos. Entre as vítimas identificadas, está a filha de uma mulher que denunciou o esquema, cuja partida foi interceptada pela Polícia Federal. As investigações seguem em curso para identificar outros envolvidos e ampliar a proteção às vítimas resgatadas.