Como ocorre a recuperação ambiental nas áreas afetadas por deslizamentos em São Sebastião?

Entre as principais ações realizadas até o momento está o uso de drones para dispersão aérea de sementes; objetivo do projeto é recuperar 70% da área afetada pelos deslizamentos até 2026

Redação Band Vale

Tecnologia de ponta utiliza drones para lançar biocápsulas com sementes de espécies nativas da Mata Atlântica
Divulgação/ Governo de SP

A cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, segue com as ações de recuperação ambiental nas áreas mais afetadas pelos deslizamentos de terra ocorridos em 2023, especialmente no bairro da Vila Sahy. O trabalho, que envolve a restauração das encostas e a recuperação da vegetação da Mata Atlântica, está sendo conduzido pelo Governo do Estado de São Paulo, com a participação de diversas entidades públicas e privadas.

Entre as principais ações realizadas até o momento está o uso de drones para dispersão aérea de sementes. A tecnologia permite a aplicação de biocápsulas com sementes de espécies nativas da Mata Atlântica, que são lançadas em áreas de difícil acesso, como as encostas que sofreram os deslizamentos. Desde o início do projeto, em janeiro de 2024, aproximadamente 350 kg de sementes foram dispersados, o que corresponde a cerca de 1 milhão de sementes.

A dispersão aérea tem o objetivo de acelerar o processo de regeneração da vegetação, utilizando espécies pioneiras como guapuruvu, embaúba e crindiúva. Esses tipos de plantas têm maior capacidade de adaptação ao ecossistema local, contribuindo para a estabilização das encostas e a recuperação do solo.

Além do uso de drones, também estão sendo empregadas técnicas tradicionais como a hidrossemeadura, que consiste na aplicação de sementes e nutrientes diretamente no solo das encostas, além da instalação de biomantas para ajudar na estabilização do terreno.

Monitoramento contínuo

A Fundação Florestal, em conjunto com outros órgãos, tem coordenado as ações para garantir a estabilização do solo nas áreas mais afetadas. Através de um investimento de R$ 908 mil, a fundação implementou biomantas e realizou hidrossemeadura nas regiões mais vulneráveis, com o intuito de evitar novos deslizamentos e a propagação de lama para a comunidade.

Essas ações estão sendo monitoradas continuamente para avaliar a eficácia das soluções adotadas, com o apoio da Defesa Civil e de outras entidades responsáveis pela segurança e pelo meio ambiente na região.

Capacitação e conscientização das comunidades locais

Paralelamente à recuperação ambiental, estão sendo realizadas ações de educação ambiental com a população local, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre os riscos associados aos desastres naturais e as melhores práticas para prevenir acidentes. As atividades buscam envolver os moradores na proteção do meio ambiente e na promoção de uma maior resiliência da comunidade frente aos desafios climáticos.

O programa de educação ambiental também abrange as escolas da região, com o intuito de engajar as novas gerações em temas relacionados à preservação e segurança.

Investimentos

O processo de recuperação ambiental em São Sebastião envolve um esforço colaborativo entre diferentes setores da sociedade. A Concessionária Tamoios, que patrocina parte do projeto, contribuiu com um investimento de quase R$ 3,5 milhões para o uso de tecnologia avançada, como drones e inteligência artificial. A empresa tem destacado a importância de parcerias entre o setor público e privado para garantir que as ações de recuperação sejam eficazes e sustentáveis.

Além disso, o Governo de São Paulo e a Fundação Florestal têm contado com o apoio de entidades como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e a Prefeitura de São Sebastião, que auxiliam no monitoramento e implementação das ações de restauração.

Perspectivas

O objetivo do projeto é recuperar 70% da área afetada pelos deslizamentos até 2026, com foco na regeneração da vegetação nativa e na estabilização do solo. Embora as ações já estejam em andamento, o processo é longo e depende de fatores climáticos e ambientais que podem impactar a velocidade da recuperação.

Além disso, o Governo de São Paulo tem incentivado a participação das comunidades na elaboração de estratégias de adaptação às mudanças climáticas, incluindo ações na Terra Indígena Guarani do Ribeirão Silveira e outras áreas da região. Esse esforço visa fortalecer a resiliência das populações locais diante dos eventos climáticos extremos, que têm se tornado cada vez mais frequentes.

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