Caso Kalume: morre um dos médicos condenados por esquema de tráfico de órgãos em Taubaté

Pedro Henrique Masjuan Torrecillas morreu na última quinta-feira (17) e foi cremado neste domingo (20)

Redação Band Vale

Caso Kalume: morre um dos médicos condenados por esquema de tráfico de órgãos em Taubaté
Caso Kalume: morre um dos médicos condenados por esquema de tráfico de órgãos em Taubaté
Reprodução

Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, um dos médicos condenados por esquema de tráfico de órgãos em Taubaté, no Caso Kalume, morreu nesta quinta-feira (17), aos 70 anos. O corpo dele foi cremado neste domingo (20), em Jacareí.

De acordo com as informações divulgadas pela Urbanizadora Municipal (Urbam), o velório ocorreu no Campo das Oliveiras, em Jacareí, e a cremação foi no crematório do local.

Com manifestação favorável do Ministério Público de São Paulo (MPSP), a Justiça decretou nesta quarta-feira (16) a prisão de Pedro Henrique Torrecillas, Mariano Fiore Jr e Rui Noronha Sacramento, condenados em 2011 por envolvimento em um esquema de tráfico de órgãos, que resultou na morte de quatro pessoas em Taubaté, no interior de São Paulo. 

Eles foram acusados de retirar órgãos de pacientes ainda vivos para um suposto esquema de tráfico de órgãos durante a década de 1980. As vítimas tiveram seus rins extraídos sem que houvesse a confirmação de morte.

O Caso Kalume

O caso, que ficou conhecido como “Caso Kalume” em referência ao médico Roosevelt de Sá Kalume, responsável por denunciar o esquema às autoridades, tramitou por décadas. A denúncia, feita em 1986, indicava que os réus, em busca de criar um programa de transplantes de rins na cidade, retiravam órgãos de pacientes ainda com sinais vitais, enganando suas famílias sobre o real estado de saúde dos internados. Em um dos casos, foi solicitada autorização para a doação de córneas, mas os médicos acabaram removendo ambos os rins da vítima.

Julgamento de 2011

O julgamento, que aconteceu em outubro de 2011 no Fórum de Taubaté, teve duração de mais de 40 horas. Os réus foram condenados por unanimidade pelo Tribunal do Júri, formado por quatro mulheres e três homens, sob a presidência do juiz Marco Antônio Montemór. Durante o julgamento, sete testemunhas de acusação, sete de defesa e os próprios réus foram ouvidos, além de serem exibidos vídeos e lidas cartas precatórias.

Ao final, os jurados decidiram pela condenação dos médicos, que receberam o direito de recorrer em liberdade. No entanto, em 2024, o STF decidiu pela execução imediata das penas, reafirmando a condenação em razão da gravidade dos crimes e da comprovação de que os órgãos foram retirados sem a devida comprovação de morte encefálica.

Condenação mantida em 2021

Em 2021, a 6ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação dos médicos, revisando apenas a dosimetria da pena, que foi reduzida para 15 anos de reclusão. Na decisão, o desembargador Eduardo Abdalla destacou que não havia provas suficientes de que as vítimas estavam mortas no momento da extração dos órgãos, reforçando que a retirada foi realizada sem confirmação de morte cerebral.

Prisão dos envolvidos decretada

Com a decisão do STF em setembro de 2024, os mandados de prisão foram expedidos. A prisão dos condenados, mais de 40 anos após o início das investigações, marca o encerramento de um dos casos mais complexos e chocantes da história médica do país. 

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