Caso Kalume: morre médico que denunciou tráfico de órgãos em Taubaté (SP) na década de 80

Roosevelt de Sá Kalume morreu nesta quinta-feira (2); causa da morte não foi informada

Redação Band Vale

Caso Kalume: morre médico que denunciou esquema de tráfico de órgãos em Taubaté
Divulgação

O médico Roosevelt de Sá Kalume, que denunciou em 1986 o esquema de tráfico de órgãos em Taubaté, morreu nesta quinta-feira (2). A causa da morte não foi informada.

Na época, a denúncia indicava que os réus, em busca de criar um programa de transplantes de rins na cidade, retiravam órgãos de pacientes ainda com sinais vitais, enganando suas famílias sobre o real estado de saúde dos internados. Em um dos casos, foi solicitada autorização para a doação de córneas, mas os médicos acabaram removendo ambos os rins da vítima.

O corpo de Roosevelt de Sá Kalume será velado a partir de 12h30 desta quinta-feira, no Memorial Sagrada Família, na região central de Taubaté. O corpo do médico será cremado no mesmo local, às 17h30.

Julgamento de 2011

O julgamento, que aconteceu em outubro de 2011 no Fórum de Taubaté, teve duração de mais de 40 horas. Os réus foram condenados por unanimidade pelo Tribunal do Júri, formado por quatro mulheres e três homens, sob a presidência do juiz Marco Antônio Montemór. Durante o julgamento, sete testemunhas de acusação, sete de defesa e os próprios réus foram ouvidos, além de serem exibidos vídeos e lidas cartas precatórias.

Divulgação/ TJSP

Ao final, os jurados decidiram pela condenação dos médicos, que receberam o direito de recorrer em liberdade. No entanto, em 2024, o STF decidiu pela execução imediata das penas, reafirmando a condenação em razão da gravidade dos crimes e da comprovação de que os órgãos foram retirados sem a devida comprovação de morte encefálica.

Condenação mantida em 2021

Em 2021, a 6ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a condenação dos médicos, revisando apenas a dosimetria da pena, que foi reduzida para 15 anos de reclusão. Na decisão, o desembargador Eduardo Abdalla destacou que não havia provas suficientes de que as vítimas estavam mortas no momento da extração dos órgãos, reforçando que a retirada foi realizada sem confirmação de morte cerebral.

Prisão dos envolvidos decretada

Com a decisão do STF em setembro de 2024, os mandados de prisão foram expedidos. A prisão dos condenados, mais de 40 anos após o início das investigações, marca o encerramento de um dos casos mais complexos e chocantes da história médica do país. 

De acordo com as informações, os mandados de prisão foram expedidos após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que acatou tese defendida pelo Ministério Público. Os réus foram condenados a 17 anos e seis meses de reclusão em regime inicial fechado por infrações ao artigo 121 do Código Penal (homicídio). 

Tópicos relacionados

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.