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Brasileiros apostam mais em jogos do que investem na bolsa de valores, segundo pesquisa da Anbima

Apostas em eventos esportivos e, possivelmente, em jogos como o Bac Bo, o jogo dos dados, superam investimentos no Brasil, segundo a Anbima

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Brasileiros apostam mais em jogos do que investem na bolsa de valores, segundo pesquisa da Anbima
Apostas Esportivas
Divulgação

Um levantamento realizado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades de Mercado) revela uma tendência surpreendente no comportamento financeiro dos brasileiros: a predileção por apostas online supera os investimentos na bolsa de valores. Segundo o estudo, 14% da população, aproximadamente 22 milhões de pessoas, realizaram ao menos uma aposta online em 2023, enquanto apenas 2% investiu na bolsa de valores.

Esta estatística coloca as apostas como a segunda modalidade financeira mais popular, perdendo apenas para a poupança, mantida por 25% da população. O perfil predominante dos apostadores inclui majoritariamente homens das classes A, B e C, especialmente jovens da geração Z e millennials, que demonstram grande afinidade com as plataformas digitais.

Para muitos, as apostas são percebidas não apenas como uma forma de lazer, mas também como um meio de investimento. A pesquisa da Anbima indica especificamente apostas esportivas, mas jogos de cassino online, como roleta, caça-níqueis, blackjack, jogos de dados e bingos, costumam ser oferecidos pelas mesmas empresas, atualmente em processo de regulamentação no Brasil, e, assim, também são opções para esse público.

Especialistas distinguem apostar de investir destacando que, enquanto investimentos se apoiam em análises econômicas sólidas e ativos valorativos, apostas em jogos ou esportes são altamente especulativas e muitas vezes baseadas na sorte. Investimentos envolvem estudo e ativos com potencial de valorização, ao contrário das apostas, que dependem de resultados imprevisíveis e não têm valor subjacente.

No Bac Bo, o jogo dos dados, pode-se apostar na vitória do cassino, no jogador ou em empate a cada rodada, baseado em lançamentos aleatórios. Isso contrasta com investimentos, que visam acumular valor por meio de análises econômicas e aproveitamento de tendências, enquanto apostas dependem do acaso e não proporcionam uma base sólida para previsões ou ganhos a longo prazo.

Em artigo em site ligado ao Banco do Brasil, Joelson Sampaio, professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), alerta para os riscos de confundir jogos de aposta com investimentos financeiros. Segundo ele, os jogos operam com base na tentativa e na sorte, o que pode ameaçar o orçamento pessoal de muitos indivíduos.

"A lógica do jogo é uma questão de tentativa e de sorte, e aí está o perigo. Muitas pessoas começam a jogar e alocar uma parte significativa do orçamento em jogos, trazendo risco financeiro para o seu dia a dia. Elas acabam alocando muito recurso em algo que é uma loteria: pode dar ou não certo. E muitas vezes, na média, perde-se dinheiro com esse tipo de prática" - Joelson Sampaio

Apostas em esportes e em jogos com o Bac Bo e investimentos são distintos principalmente porque as apostas não envolvem a comercialização de ativos e baseiam-se na aleatoriedade, sem fundamentos econômicos sólidos. Por outro lado, os investimentos requerem uma análise cuidadosa de riscos e seleção de momentos para compra e venda, visando a acumulação de valor a longo prazo e minimizando riscos que podem afetar negativamente a saúde financeira, mental e social dos indivíduos.

Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), do qual fazem parte empresas que atuam no mercado, recomenda práticas saudáveis de apostas, destacando a importância de um orçamento bem definido e de apostas responsáveis, evitando o endividamento e o vício. O IBJR sugere definir um valor máximo diário para apostas, estudar e planejar os palpites com base em probabilidades e estatísticas, usar plataformas confiáveis, limitar o tempo de jogo, e cumprir as leis locais, buscando ajuda profissional se necessário.

Em dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a regulamentação do setor de apostas, visando aumentar a arrecadação em 2024, com a conclusão prevista para julho. Novas regras, estabelecidas em abril, podem ajudar a prevenir o comportamento irresponsável em apostas e problemas associados ao limitar métodos de pagamento, permitindo apenas meios como Pix e débito, e proibindo o uso de cartões de crédito, dinheiro, boletos e criptomoedas. Essas medidas têm como objetivo evitar endividamento e vício, além de prevenir crimes como a lavagem de dinheiro.

[Este conteúdo é de responsabilidade do autor. Verifique a legislação de seu país. Apostas esportivas são destinadas a maiores de 18 anos].

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