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A verdadeira emergência não é climática, é de consciência

Por Fabiano Porto (@fabiano.pporto)

A verdadeira emergência não é climática, é de consciência
A verdadeira emergência não é climática, é de consciência
Divulgação

Estamos discutindo inteligência artificial, biotecnologia, energia limpa, ESG, carbono neutro. Avançamos nos diagnósticos, multiplicamos relatórios, inovamos em soluções. Mas seguimos fracassando no mais básico: saber quem somos. Seguimos entregando o futuro do planeta — e das nossas cidades, empresas e famílias — nas mãos de pessoas que não fazem ideia de onde vêm seus medos, seus desejos, suas decisões.

Quantas escolhas políticas, empresariais ou pessoais são, na verdade, respostas emocionais mal resolvidas? Um trauma de infância, uma ausência de pai, uma ferida afetiva... e de repente temos prefeitos que não escutam, chefes que humilham, presidentes com egos inflamados governando como se ainda precisassem provar algo a alguém. E todos nós colhemos os frutos dessas sombras não reconhecidas.

Fomos educados para vencer, competir, acumular. Não para observar, acolher, refletir. A maioria de nós não sabe discernir o que vem da nossa essência e o que é só ego. Confundimos pensamento com identidade. Mas nós não somos o que pensamos — somos o que observa, o que sente, o que está por trás. Sem esse discernimento, sem esse mergulho, continuaremos agindo no automático — e destruindo o planeta com a mesma velocidade que destruímos a nós mesmos.

Por isso, não dá mais para falar em regeneração sem falar em consciência. Regenerar o planeta exige, antes, regenerar a si mesmo. E isso passa por práticas de autoconhecimento, meditação, cura emocional, reconexão com a Terra e com o outro. A consciência precisa entrar no centro da conversa sobre sustentabilidade.

No Instituto Regeneração Global, uma das oito áreas essenciais para a regeneração da humanidade é a consciência — porque entendemos que não há tecnologia que resolva o que a inconsciência insiste em destruir.

O rio que corre no vale é o mesmo que corre em nossas veias. O solo que alimenta a semente é o mesmo que sustenta o nosso corpo. A forma como tratamos a Terra revela a forma como tratamos a nós mesmos. A crise ecológica é, no fundo, um reflexo da crise interior.

Se queremos um futuro sustentável, precisamos incluir na equação o invisível: a mente, a alma, os afetos. Precisamos de lideranças que saibam quem são. Cidadãos que saibam ouvir. Governos que compreendam que a regeneração começa pelo humano.

Sem consciência, toda sustentabilidade será frágil. Toda tecnologia será insuficiente. E todo progresso será apenas mais uma forma de aprofundar o abismo entre o que somos e o que poderíamos ser.

Se essas palavras tocaram algo em você, faça uma pausa. Reflita: quem é você, de verdade? Você tem conseguido discernir o que vem da sua essência e o que vem do seu ego? O que move suas decisões, suas reações, suas escolhas diárias? O mundo precisa de gente disposta a esse mergulho. Busque práticas que te levem à auto-observação — meditação, silêncio, contemplação, escuta profunda. A verdadeira transição começa dentro. Porque não existe futuro sustentável nem planeta regenerado sem pessoas conscientes de si. A regeneração do mundo começa pela regeneração da nossa própria consciência.

Veja outras matérias da coluna SUSTENTABILIDADE E REGENERAÇÃO no link: https://www.band.uol.com.br/band-vale/colunistas/sustentabilidade-regeneracao

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