
Quem presencia uma vez Maysa Ohashi no palco não se esquece jamais!
Ela é um evento, uma força de naturalidade, talento e carisma. A Maysa traz força e suavidade na voz. Como intérprete é um vento toca o rosto e nos envolve de corpo e alma. Ela é arte na voz, no piano e na vida. Digo isso pois a acompanho nas redes sócias, um local em que ela descontrói discursos e constrói verdades, suas verdades.
Há tempos um artista pode ser quem é e pode falar o que é e como pensa. Mas pelo mercado, muitos se anulam e fogem daquilo que pode não dar engajamento ou fechar portas. A Maysa não! Ela mesma se precisar fecha portas que não cabem para o que ela pensa ou vive.
Esse processo de clareza de quem ela é traz muita verdade nas apresentações. Como artista seus pensamentos invadiram as letras das canções, e de maneira muito sensível e verídica ela apresenta o projeto Parte de Mim.
Conversei com a Maysa Ohashi sobre esse projeto, e quero compartilhar com você agora parte dessa conversa.
LUCAS SANSEVERINO: Como a música entrou na sua vida?
MAYSA OHASHI: A música está desde cedo, meus pais são músicos, minha mãe toca piano e meu pai violino. Tenho lembranças desde cedo dos meus pais tocando junto e falando sobre música, encontros musicais em casa. Ela entrou na minha vida no útero da minha mãe.
LUCAS SANSEVERINO: Quando começou a escrever?
MAYSA OHASHI: Foi quando me deparei com o luto pela primeira vez, eu me inspiro muito na melancolia, minha bisavó paterna faleceu quando eu tinha uns 12 anos. Eu já tocava algumas canções no piano e cantava, fiz uma canção para ela em inglês mas eu nunca gravei essa.
Era algo sobre: “Me diz porque as pessoas boas se vão? Parece que nossa oração nunca chega ao céu”.
LUCAS SANSEVERINO: Qual a diferença para vc em interpretar uma canção de outra pessoa e quando canta as suas músicas?
MAYSA OHASHI: A diferença são as referências, quando eu pego Elis para interpretar ela me entrega pronto uma enciclopédia de referências. Quando eu comecei o processo de me interpretar eu percebi que eu sabia pouco sobre mim mesma e comecei um processo de descobrir qual seria a minha voz interpretando eu mesma. (Parece loucura né? Kkkk)
LUCAS SANSEVERINO: Como foi o processo de composição do álbum?
MAYSA OHASHI: Este álbum é um compilado de canções que eu fui compondo ao decorrer da minha vida, sempre tive trabalhos paralelos e nunca me considerei compositora de fato, tinha períodos de hiato sem estímulo da composição e eu sempre escutei música e me comparava muito, quando me separei, dentro daquele processo interno de renovação eu decidi que olharia com mais carinho paras minhas músicas e iria mostrar paras pessoas essas canções.
LUCAS SANSEVERINO: Você tem um trabalho de exaltar compositoras mulheres da região, porque percebe necessidade disso?
MAYSA OHASHI: Hoje faço parte da Coletiva Cantautoras do Vale e percebo que onde passamos as pessoas se encantam com a miscigenação musical que fizemos: eu, Cinthia Jardim, Lígia Kamada e Julie Ramos. E ao mesmo tempo esse processo também acontece internamente entre nós, vemos o quanto temos dúvidas, questionamento, apagamento que só outra mulher entende.
Hoje, nós mulheres somos maioria na população brasileira, mas minoria em arrecadação de direitos autorais (compositora) e quando deixamos de escrever permitimos que façam por nós, que contem nossas histórias por nós, deixamos de abrir debates e questionamentos que provoca revoluções internas e externas, quando compomos e escrevemos, nós existimos e resistimos.
LUCAS SANSEVERINO: "Partes de Mim" é sua trajetória cantada em poesias?
MAYSA OHASHI: Com certeza, e digo mais, é o início de um processo de autoconhecimento e pertencimento lindo.
Fechando o mês de março, o espetáculo “Partes de Mim” acontece no dia 30 de março, domingo, às 19h na sala Mário lago: R. barão de Jacareí, 122, centro, Jacareí / SP. É livre para todas as idades, gratuito e contará com tradução simultânea de libras.