Para sempre? Que seja eterno enquanto dure!

Lucas Sanseverino conversa com o Terapeuta em relacionamentos Eduardo Viana sobre o “amor para a vida toda”

Lucas Sanseverino

Lucas Sanseverino é radialista e ator. Começou na TV Band Vale apresentando o Republica 103.9, projeto que por 4 anos foi exibido aos sábados. Desde 2012, apresenta o Falando Nisso, de segunda a sexta, trazendo assuntos do cotidiano. Aos sábados, desde 2020, comanda o programa Manhã na Band, com muita culinária e conversa em volta de uma mesa de café da manhã.

Que seja eterno enquanto dure
Que seja eterno enquanto dure
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Eu sou do tipo de pessoa que quer envelhecer ao lado de outra pessoa. E você?

Tenho uma amiga que fala que todos querem, mas nem todos admitem. Mas a verdade é que o tempo nos engana. Ele voa, ele passa, a gente envelhece, mudamos... São tantas dinâmicas que não estão marcadas no calendário, que afetam diretamente nossa dinâmica em várias áreas da nossa vida, imagine num relacionamento!

Envelhecer sozinho tem seus desafios, envelhecer com alguém também. Mas a gente ama um desafio né? Não vamos entrar aqui no porquê queremos ter alguém, essa pauta cabe em uma outra matéria. Hoje quero refletir no “para sempre”, será possível? Se sim, o que preciso fazer para conquistar esse relacionamento estável e duradouro.

Fiz algumas perguntas para o Eduardo Viana que tem um trabalho incrível aconselhando casais e pessoas na área da vida a dois. As respostas aquecem o coração e trazem desafios reais e possíveis para os eternos românticos.

LUCAS SANSEVERINO: COMO ACHAR UMA PESSOA QUE SEJA PARA TODA VIDA?

Eduardo Viana: Oi Lucas, como sempre é um prazer falar com você e todos aqui. Essa é a pergunta de 1 bilhão de dólares, não é? A primeira atitude é sempre espelhar em você mesmo(a) o que quer encontrar em alguém. Quer alguém fiel? Seja fiel. Quer alguém amoroso, carinhoso? Busque ser assim, fazer gentilezas no dia a dia com todos à sua volta. Traga o amor para pertinho de você nas menores atitudes. Você começará a vibrar numa alegria e numa paz, que aos poucos naturalmente irá te trazer pessoas assim. Pode ser na forma de novos amigos, e também, um novo parceiro romântico, com quem pode experimentar se relacionar por alguns meses e avaliar, sentir se ela te faz bem e deve ser nutrida.

LUCAS SANSEVERINO: O AUTOCONHECIMENTO É IMPORTANTE NESSE PROCESSO?

Eduardo Viana: Sem dúvidas. Muito se ouve a palavra Autoconhecimento, mas não devemos subestimar a profundidade que ela tem. Conhecer a si mesmo(a) é um processo de toda uma vida. Devemos sempre buscar na sabedoria de cada atitude, erro, relacionamento menos elevado, quais foram as lições que isso me trouxe? O que aprendi? Como posso agora seguir sem me culpar, e fazer diferente? Se perguntar isso em voz alta e ouvir a resposta vai surpreender muitos leitores. A resposta virá de sua própria mente-coração. Siga… Seja sempre fiel a essa voz que vem do peito. Você sentirá, é especial.

LUCAS SANSEVERINO: COMO SABER O QUE REALMENTE EU QUERO DA PESSOA QUE ESTOU PROCURANDO?

Eduardo Viana: Ótima pergunta. Definir critérios é uma das maiores dúvidas do meu público e alunas de mentoria. Elas tem medo de "pedir demais" em alguém e acabam aceitando pessoas pouco alinhadas consigo mesmas. Ou vão para o outro extremo e exigem tanto quanto se pode imaginar, tornando impossível alguém atender a esses critérios que beiram a perfeição. O meio termo é definir de 5 a 10 Valores pessoais que você considera inegociáveis que alguém tenha. Conheça as pessoas por algum tempo, se ela tiver 80% a 90% da sua lista, provavelmente será uma boa combinação. Contrate um Mentor para acompanhar esse início e te ajudar a mapear a compatibilidade entre vocês, aprofundando suas prioridades, e enxergando sua história de vida, seus desejos, de onde eles vem, para que a relação seja muito duradoura. Vale a pena.

LUCAS SANSEVERINO: EXISTEM “DEFEITOS” QUE PRECISO ABRIR MÃO NA EXIGÊNCIA NA HORA DE ME ABRIR A UM RELACIONAMENTO?

Eduardo Viana: Sempre precisamos abrir mão de alguma coisa, comprometer um pouco do que queremos em relação a um objetivo maior. Uma relação faz da vida de uma pessoa muito mais rica do que a mera soma das suas partes. Nesse sentido, devemos nos questionar: isso que estou abrindo mão, fere minha essência? Se fere, não faça. Abrir mão deve ser algo que não te custe a sua paz, autenticidade, verdade. Abra mão de coisas que serão boas para a relação. Tente chegar nesse 50% - 50%. Peça ao parceiro que também seja flexivel com coisas que são importantes para você, e não são as favoritas dele. Mostre aonde você está abrindo mão, em função do bem estar da relação, para que ele se conscientize que nem tudo é tão fácil para você. Lembre-se, mulher, eles não conseguem ler suas mentes! (Rs). Comunicação é muito importante. Às vezes - muitas vezes - as mulheres, por serem tão perceptivas, intuitivas, esperam que o homem seja igual. Em geral, não é. O cérebro masculino é bem diferente. Ele precisa ver e ouvir as coisas claramente. É neurológico. Então, na dúvida, fale. Com amorosidade, carinho, mas fale.

LUCAS SANSEVERINO: EXISTEM PRINCÍPIOS QUE DEVO TER QUE NÃO SÃO NEGOCIADOS?

Eduardo Viana: Sim. Aqueles que se referem à tua essência. Se você gosta de usar um certo tipo de roupa, ou maquiagem, não deve mudar porque "agora está num relacionamento". É assim que começam muitos relacionamentos abusivos. O abuso começa nas pequenas coisas, e dali se expande. Então, se te faz brilhar menos o coração, sentir aquele aperto na barriga, aquele sentimento de estar se diminuindo por um homem, não faça. Converse, explique, que para estar com você, é para te amar do seu jeito, como ele te conheceu. Se ele quiser ficar com outra pessoa, tudo bem. Mas você não deve mudar a si mesma por causa dos incômodos de nenhum ser humano. Seja parceiro afetivo ou qualquer outra pessoa no planeta. A nossa autenticidade é nossa abundância. Se abrimos mão disso, estamos anulando nossa felicidade por nosso próprio consentimento. Evite essas armadilhas. Saiba o que te faz sorrir, brilhar, ser você mesma, e JAMAIS abra mão de nada disso por alguém. Quem te ama verdadeiramente te aceitará, amará, e te celebrará exatamente como és.

LUCAS SANSEVERINO: QUANDO ENTENDER QUE É SOMENTE ATRAÇÃO FÍSICA OU ALGO MAIS?

Eduardo Viana: Em geral, quando após os momentos mais efusivos… (Rs) queremos conversar, trocar ideias, planos para o futuro. Falar sobre nossos sonhos profissionais, aspirações, ambições… sonhos pessoais também. E quando não há aquela reciprocidade na conversa, a relação tende a "murchar" após algum tempo. Somos seres humanos, temos uma parte primitiva, "animal", e isso não é ruim. É panelas algo que faz parte de nós. Devemos saber e aprender a dominar certos instintos para que nossa consciência possa evoluir de forma harmoniosa. Quando seguimos muito as necessidades sexuais sem considerar os aspectos mais emotivos e racionais da pessoa, tendemos a nos frustrar por não estarmos fazendo uma leitura mais completa de que pessoas estamos convidando para dividir a nossa energia, compartilhar o nosso corpo, que é algo sagrado e guarda todas as suas memórias. Devemos também ser suaves conosco mesmo em nosso aprendizado. Nem tudo conseguimos implementar da noite para o dia. Mas, é importante ter a consciência de que esses fatores fazem parte, e buscar um pouco a cada dia, melhorar o que conseguirmos. Deus nos ama independente de nossos erros e acertos. Esse é o amor incondicional. Portanto, sigamos melhorando no ritmo de nossa capacidade, cientes de que somos infinitamente amados como somos, todos os dias, pelo Grande Pai-Mãe / Deus / Universo.

LUCAS SANSEVERINO: COMO SABER SE É RECÍPOCRO O QUE SINTO POR ALGUÉM?

Eduardo Viana: Excelente pergunta. Devemos observar as atitudes. Mais do que observar as palavras, devemos estar atentos do que estamos RECEBENDO todos os dias, à medida que buscamos doar, sempre prezando pelo equilíbrio. Quem doa demais, em geral, espera no mínimo uma reciprocidade. É normal, faz parte. Na relação, deve sim haver equilíbrio. Não somos o Deus inteiro, que dá sem esperar nada em troca. Devemos, na vida, ter uma visão de que entrego o meu melhor para viver feliz, em harmonia. Mas a partir do momento que dou a mais do que posso, quando dou daquilo que me faz falta, essa relação se desequilibrou. Seja para qualquer pessoa. Pode ser um familiar ou um amigo. Pois sou um ser humano, e tenho minhas necessidades. Numa relação a dois, temos a oportunidade de avaliar o meu DAR-RECEBER, observando atentamente. E comunicar o parceiro é muito importante. Aquilo de que preciso, sim, tenho que pedir. Ele não deve adivinhar minhas necessidades. Como adulto, devo colocar do que preciso, quando, e como. E também ouvir as necessidades do outro com carinho, receptividade, sem julgamento. E a partir daí avaliarmos, juntos, em amor e respeito, se a outra pessoa tem condição de atender ao que preciso. Deve haver uma negociação, um meio termo, no atendimento de ambas as partes. Na minha Mentoria, com mais tempo e num ambiente terapêutico, ensino a fazer um Mapa das Necessidades Pessoais e como isso pode ser comunicado dentro do casal com perfeita harmonia.

O MEDO DE SE MACHUCAR COM OUTRO RELACIONAMENTO ACABA ATRAPALHANDO A GENTE SEGUIR EM FRENTE?

Eduardo Viana: Sim, sem dúvida. Muitas das dores dos fins de relacionamento estão situadas dentro do coração desde épocas anteriores, da infância. Quando passamos por uma experiência de rejeição quando crianças, e vivemos novamente essa dor ao "adultecer" e vivermos um término, essa ferida reacende, pedindo para ser curada. Muitas pessoas se fecham, e se "desiludem" do amor, o que é na verdade uma grande ilusão, pois o Amor é a única coisa que há em abundância no Universo inteiro. Mas é um mecanismo de proteção do qual nosso ego se utiliza para evitar novas dores. Por um tempo isso pode amenizar, proteger. Mas, inevitavelmente, chega uma hora que a vontade de amar se torna maior, e passa a fazer falta uma relação verdadeira, de troca e proximidade. A maior parte de nós veio viver sim relacionamentos bons e agradáveis, o que chamo de nosso "Casamento dos Sonhos", que é uma realidade para muitas pessoas. Eu não ensinaria como fazer isso se não tivesse isso, e não vivenciasse isso todos os dias. É possível ser feliz na relação, mas as pessoas precisam se abrir para receber ajuda. Deixar que se vão os relacionamentos menos dignos é um passo importantíssimo para receber algo melhor. E na dificuldade de abrir mão do que é conhecido, muitos passam a vida inteira a esperar que as coisas melhorem sem fazer a sua parte: buscar uma ajuda terapêutica e dar passos em direção ao que realmente querem. O único jeito para o queremos acontecer é a partir de nossa intenção e ação. Somos merecedores da felicidade. Precisamos internalizar isso. Não deixe que a dúvida ou os exemplos mais próximos de relacionamentos difíceis enganem seu coração. Deus não fez ninguém para sofrer: somos nós os responsáveis por nos libertarmos do sofrimento que muitas vezes nós mesmos criamos com nossas expectativas e necessidades desvirtuadas da grandiosidade de nosso Plano de Vida. Também falo sobre isso com mais profundidade em minha Mentoria. Todos estão convidados a conhecer.