Estudo da Fiocruz Paraná revela expansão do vírus Oropouche

Pesquisadores analisaram fatores ecológicos que impulsionaram a disseminação do vírus em 2024

Mosquito transmissor da Oropouche
Bruna Lais Sena / SEARB

A expansão do vírus Oropouche (OROV) para regiões fora da Amazônia brasileira foi o foco do artigo intitulado Expansion of Oropouche virus in non-endemic Brazilian regions: analysis of genomic characterisation and ecological drivers, publicado (15/11) na revista científica The Lancet Infectious Diseases. O estudo, integrado por pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Paraná, analisou as características genéticas do vírus e os fatores ecológicos que impulsionaram a disseminação do vírus em 2024.

O OROV é transmitido pela picada do Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim ou mosquito pólvora, e tem histórico de surtos restritos à região amazônica. No entanto, no início de 2024, uma cepa recombinante do vírus causou surtos em outras regiões do Brasil. O estudo revelou que fora da região Amazônica, as cidades menores enfrentaram surtos até quatro vezes maiores do que os registrados em grandes centros urbanos.

A pesquisa associa essa dinâmica à proximidade de culturas agrícolas específicas, como plantações de bananas, que criam um ambiente propício para a proliferação do inseto vetor. “Nosso estudo evidencia como as mudanças nos padrões ecológicos e de uso da terra podem influenciar a dinâmica de transmissão do OROV, criando novos desafios para a saúde pública em áreas historicamente não afetadas,” destacou o pesquisador da Fiocruz Paraná, Tiago Gräf.

Além disso, através de análises genômicas, o estudo descreve a dispersão da nova variante recombinante do OROV pelo Brasil, estabelecendo transmissão local em diversos estados e, também, adquirindo novas mutações cujo impacto biológico ainda precisa ser investigado.  

Apesar das descobertas, os autores ressaltam que as causas exatas da expansão repentina do vírus permanecem incertas. “Existe uma nova variante do vírus que está circulando e ela pode ser mais transmissível, mas também há todo o contexto de mudanças climáticas e crescente degradação dos ecossistemas pelo ser humano”, lembrou Cláudia Nunes Duarte dos Santos, que também é autora do trabalho.

O estudo enfatiza a necessidade de mais pesquisas para compreender melhor o fenômeno e guiar futuras campanhas de saúde pública voltadas à prevenção e controle de novos surtos de OROV em regiões não endêmicas. A publicação reafirma o papel da Fiocruz como referência em estudos de virologia e em iniciativas voltadas à saúde pública, evidenciando o impacto do trabalho desenvolvido no instituto na compreensão e enfrentamento de doenças emergentes.

Da Fiocruz Paraná

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