Band Multi

FIT Rio Preto se consolida como um dos maiores festivais de teatro do Brasil

Mais de 27 mil pessoas lotaram as 51 sessões

Por Hiltonei Fernando

Mais de 27 mil pessoas lotaram as 51 sessões
foto: Ricardo Boni, Vivian Gradela, Priscila Beal e Luiz Áureo

O Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto-SP (FIT Rio Preto) chegou ao final no sábado (29) reafirmando sua importância ao lançar luz para o que há de mais atual nas artes cênicas contemporâneas e fomentar discussões em torno de temas importantes e urgentes da sociedade.

O FIT Rio Preto é uma realização da Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e Sesc São Paulo. Parceria com o Sesi São Paulo e apoio institucional do Conselho Municipal de Políticas Culturais e Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

FIT em números

O festival, que tem 54 anos de história e 21 anos de edição internacional, mobilizou em dez dias um público de aproximadamente 27 mil pessoas para o exercício da escuta por meio da arte, com espetáculos para crianças, jovens e adultos apresentados em teatros, ruas e outros espaços da cidade.

Foram apresentados ao público 30 espetáculos nacionais, internacionais, para crianças e jovens e de rua, totalizando mais de 50 apresentações, além de 14 formativas, um conjunto de ações que ocupou 17 espaços da cidade. Para a realização do FIT Rio Preto, são necessários sete meses de trabalho e, na reta final e nos dez dias de festival, cerca de 500 pessoas entre artistas e técnicos trabalham diretamente no evento que movimenta a cidade. Mais de 20 instituições e empresas são envolvidas diretamente.

“O FIT faz parte do patrimônio cultural de Rio Preto, um evento que coloca a cidade entre os mais importantes festivais de artes cênicas do Brasil. O festival mobiliza a comunidade e a classe artística local, movimentando diferentes setores da economia e revelando o potencial do segmento criativo para a cidade e para o País”, destacou o prefeito de São José do Rio Preto, Edinho Araújo.

Segundo Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, o FIT Rio Preto “representa a manutenção de um projeto longevo e consolidado de fomento às artes cênicas que reside, entre outros fatores, na renovada capacidade de mobilizar e articular as diversas instâncias da sociedade em torno da sua realização e que, ao ativar as múltiplas redes socioeconômicas e culturais da cidade e em seu entorno, promove a ocupação de espaços públicos e privados com uma programação consistente e contemporânea.”

Reta final

Oito apresentações de sete espetáculos marcaram o último dia do FIT Rio Preto 2023, além de uma atividade formativa. O sábado (29/7) foi marcado pelas últimas apresentações dos espetáculos “Mary Stuart”, com Virginia Cavendish e Ana Cecília Costa; “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”; “work.txt”, do artista inglês Nathan Ellis; “Desvio”, da Muovere Cia. de Dança (Porto Alegre-RS); e “Há uma festa sem começo que não termina com o fim”, do Pavilhão da Magnólia (Fortaleza).

Para o público infantojuvenil, a última atração foi a peça “Histórias do mundão”, do Chegança Atelier Cultural, de Salvador (BA). Também é o tour guiado da experiência multimídia “A Casa de Maria”, do Agrupamento Núcleo 2, que vai ocupar o canteiro da Av. José Munia, na altura do Incor.

Já a ação formativa, que teve início às 14h, na Casa de Cultura Dinorath do Valle, foi o encontro “Lugares de escuta, lugares de acolhimento: transgeneridade na arte e na sociedade”, com a participação de Verónica Valenttino e Leona Jhovs, atrizes do espetáculo “Brenda Lee e o Palácio das Princesas” (Núcleo Experimental, de São Paulo-SP), e de Digg Franco e Amala Malaman, respectivamente presidente e coordenadora da Casa Chama, ONG paulistana que se dedica à construção de espaços e garantia de direitos para pessoas transvestigêneres por meio de ações que visam a emancipação financeira e o prolongamento de suas vidas.

A apresentação que encerrou o festival às 23h30 foi “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”, que lotou o Teatro Municipal Paulo Moura e emocionou o público. Verónica Valenttino, a primeira mulher trans a conquistar o prêmio Shell de melhor atriz, destacou a importância do FIT Rio Preto e a visibilidade que ele traz. “É a maior plateia para a qual já apresentamos esse espetáculo. Esse festival é muito potente e trazer visibilidade à realidade de pessoas trans e a mensagem de Brenda Lee através FIT é muito importante”, pontuou.

A arte da escuta

Reafirmando seu papel como fomentador de discussões em torno de temas urgentes e caros da atualidade, o FIT Rio Preto 2023 destacou, por meio de sua curadoria, o exercício da escuta que é inerente ao teatro e às artes cênicas em geral, tendo como fio condutor um ditado iorubá que diz: “?ni tí ó gb?´ lè b?´ l?´w?´ òjò” (aquele que escuta consegue fugir da chuva).

“Escutar, então, significa ouvir com atenção, interpretando e assimilando os sons e ruídos que são captados pela audição. Quando alguém está escutando algo, quer dizer que está consciente e atenta ao que está ouvindo e ao que está acontecendo ao seu redor. Além disso, escutar é compreender e processar a informação que está a ser recebida de forma a se preparar para que a água seja uma aliada”, reflete, em texto sobre o processo de curadoria do FIT Rio Preto 2023, o trio de curadores formado pela dramaturga, diretora, educadora e pesquisadora Fernanda Júlia Onisajé, de Salvador (BA); pelo dramaturgo, diretor e professor Fernando Yamamoto, um dos fundadores do grupo Clowns de Shakespeare, de Natal (RN); e pelo artista e produtor cultural Tommy Della Pietra, consultor de programação na Gerência de Ação Cultural do Sesc São Paulo.

Informação: Josy de Sá/Secretaria de Comunicação

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.