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Especialistas apontam razões para o rebaixamento da Ponte Preta à Série A2

Falta de planejamento está entre principais os motivos

Por Edison Souza

Macaca vive tempos difíceis
Ilustração/Arquivo

Depois de 22 anos a Ponte Preta está de volta à Séria A2 do Campeonato Paulista. Pela primeira vez no século, a Macaca foi rebaixada e, segundo especialistas, a alvinegra vem flertando com o descenso há algumas temporadas. No Paulistão de 2020, no auge da pandemia foi assim, no Brasileiro da Série B em 2021 a equipe se safou nas últimas rodadas, na Copa do Brasil vem tendo um desempenho ridículo e, agora no paulistão de 2022, não teve jeito e veio a gota d’água que foi o rebaixamento.

Administrações longe de serem transparentes, atletas veteranos e de desempenho atual questionável, dívidas e até greve de jogadores foram apenas alguns dos ingredientes que fizeram parte do dia-a-dia da alvinegra nos últimos tempos.

O Portal Band Multi ouviu alguns especialistas e você vai saber agora, na opinião deles, porque a Ponte Preta caiu em 2022.

“Na minha opinião, a Ponte Preta foi rebaixada em virtude de uma série de equívocos que vêm sendo cometidos desde 2017, montando elencos desbalanceados, fazendo contratações equivocadas. Então não é simplesmente a montagem do elenco atual. A Ponte vem com desmandos há muito tempo, e acumulando dívidas e não conseguindo, obviamente, se reorganizar, então culminando com o rebaixamento agora em 2022 e aí é a maior responsabilidade da atual diretoria que montou um time tecnicamente fraco e fisicamente combalido, time de jogadores veteranos, sem nenhuma força física, sem nenhuma intensidade e com um conceito de montagem de time não condizente com o que é a realidade atual do futebol que é de muita intensidade e de muita força, além da técnica. Então montou-se um elenco pobre tecnicamente e fisicamente sem condições de acompanhar a intensidade dos adversários. Jogadores já com idade avançada, em curva final de carreira, em curva descendente e isso culminou com essa tragédia do rebaixamento muito perigosa pra Ponte. Pra mim é isso. Elenco formado de forma absolutamente equivocada e o presidente diz que ele assumiu o quadro em janeiro. É verdade, mas ele já vinha tomando conta do clube desse o dia 20 de novembro quando ocorreram as eleições e o time foi praticamente montado em 2021, não oficialmente sob a gestão dele mas, já com a integral participação dele. Wesley, Matheus Jesus, Dedé, entre outros, jogadores absolutamente sem nenhum comprometimento e com imensa dificuldade na questão física, além de não ter contratado um meio campista especialista e ter jogado o campeonato inteiro sem ter um armador, algo que é um suicídio na atual realidade do futebol, além de um time flácido fisicamente. Esses, pra mim, os principais motivos”. Valdemir Gomes, o Tigrão, comentarista da Rádio e TV Bandeirantes.

“Explicar a queda da Ponte Preta não é muito complicado. O elenco foi mal montado, a escolha por jogadores experientes, jogadores fora de forma. Né, além de um momento técnico muito ruim. Posso citar três aqui que desde o começo eu questionei: Dedé, Fabrício e Wesley. São jogadores que, antes de chegarem à Ponte Já viviam momentos muito ruins na carreira de cada um. E essa escolha até hoje eu não consigo entender porque a Ponte fez. E outras peças que foram contratadas não deram certo. O Gilson terminou o ano bem, né, ele conseguiu salvar a Ponte no ano passado mas, esse ano as coisas começaram mal, com um elenco mais enfraquecido, repito, com jogadores muito questionáveis...a montagem foi mal feita. E pra piorar, fisicamente, no início com a Covid atrapalhando, o time perdeu 10 dias de preparação na pré-temporada, antes do início do Campeonato Paulista, isso foi determinante também. Aí as coisas não se encaixaram mais e o pico da crise foi a goleada para o Guarani no Dérbi 3 a 0. Aí as estruturas balançaram, a diretoria trocou o treinador e aí a coisa já estava perto da tragédia final que foi o rebaixamento. Trocar o treinador faltando poucas rodadas para terminar o Campeonato Paulista, depois de um Dérbi 3 a 0 a gente previa que não daria certo como não deu. O time caiu jogando o pior futebol entre as equipes que disputaram o Campeonato Paulista, seguramente. Dos 16 times eu ouso dizer que a Ponte jogou pior que o Novorizontino que foi o último colocado por pontos ganhos. É uma pena, mas a Ponte flertou com a Série A2 até que conseguiu o casamento que tanto procurou nos últimos tempos, né? Faz dois campeonatos que a Ponte está indo muito mal no Campeonato Paulista, faz dois, três anos que está indo muito mal na Copa do Brasil, no Campeonato Brasileiro. A Ponte não caiu administrativamente neste campeonato, com essa diretoria, ela já vem caindo ao longo dos últimos anos. A gente lamenta muito que tenha terminado dessa maneira”. Carlos Henrique, o Bate Pesado, comentarista da Rádio e TV Bandeirantes.

“Eu acho que foi um erro de planejamento. A diretoria acabou assumindo, houve a troca no comando diretivo e se você não tem um planejamento bem feito, quando há essas trocas, até mesmo em função de uma parceria ou outra fica difícil. Não é fácil, o presidente Marco Eberlin chamou toda a responsabilidade pra si, né, algumas contratações equivocadas, de jogadores fora de forma, de jogadores muito tempo sem jogar e isso acabou ocasionando o descenso. Você vê que as contratações importantes, contratações de peso, a gente cita aí o Dedé, o próprio Wesley, são jogadores que há um tempo, mas um tempo muito distante eram referência, Seleção Brasileira, mas hoje seria uma aposta que, poderia sim dar muito certo, mas poderia dar muito errado e foi o que aconteceu. Pra mim, na minha opinião, o que aconteceu com a Ponte foi um erro de planejamento. O planejamento que foi feito para o Campeonato Paulista foi totalmente equivocado. Pra mim, é isso aí”. Gléguer Zorzin, comentarista da Rádio e TV Bandeirantes.

“Na verdade, não existe um fator só que possa explicar o rebaixamento da Ponte Preta. Eu acho que esse rebaixamento está acontecendo já há vários anos. É um processo, uma série de erros cometidos na gestão do futebol, um exagero na demissão de treinadores, na troca de treinadores na primeira derrota, uma sequência de derrotas. Eu me lembro bem daquele caso do Brigatti, que a Ponte vinha muito bem naquele momento, depois teve um tropeço, manda embora. A Ponte virou um clube difícil de se trabalhar, um ambiente sempre muito tenso, o próprio Majestoso, em vez de arma a favor virou uma arma contra a Ponte Preta porque a pressão que vai pra cima dos jogadores é muito grande. Às vezes em transmissão de jogo lá, dois, três minutos de jogo o cara erra um passe, erra uma cobrança e lateral, parece que vai acabar o mundo, entendeu? A torcida pega muito no pé de alguns jogadores, de alguns treinadores. Acho que em termos de estrutura também está deixando muito a desejar, o gramado é péssimo, isso atrapalha o nível e jogo, isso prejudica o próprio time que joga em casa e não consegue pressionar porque tem um gramado péssimo, que força um jogo de ligação direta. Acho que são vários fatores, né? A Ponte Preta há muito tempo ela perdeu um pouquinho do trem da história do futebol moderno e isso tem que ser revisto. Sempre foi uma instituição que revela jogadores, ainda revela alguns, mas muitas vezes deixa de aproveitar esses jogadores pra investir em jogadores já veteranos, em fim de carreira com salário muito alto o que prejudica um pouco até a harmonia do grupo pela questão da responsabilidade. Mas eu acho que a Ponte Preta deixou de ser um lugar atraente para o profissional e futebol trabalhar por causa dessa tensão e dessa insegurança. Ninguém vai trabalhar na Ponte Preta com a expectativa de fazer um trabalho de médio e longo prazo. Um treinador, a comissão técnica assume e já sabe que não pode perder porque se ele perder dois jogos, ele vai ser demitido. Então isso interfere na produção do trabalho, na montagem do sistema de jogo, da proposta de futebol. Treinador muitas vezes tem uma ideia e não consegue implantar essa ideia, ele arma um time absolutamente conservador pra não perder e não consegue implantar um sistema de jogo. Passaram ótimos treinadores pela Ponte Preta nesse período e ninguém deu certo. Então o problema não é dos treinadores e nem dos jogadores. O problema está na Ponte Preta”. Maurício Noriega, comentarista dos Canais Globo/Sportv/Premiere.

“A Ponte vem perambulando desde 2017 ao cair no Brasileirão para a Série B. Contudo, alguns bons ativos, principalmente no patrimônio de recursos humanos seriam suficientes para reequilibrar. As rivalidades políticas e o advento de uma rejeição odiosa por Sérgio Carnielli nasceu dentro do clube provocada por alguns que se achavam ofendidos e menosprezados pelo "patriarca ". Deixaram de governar pra alimentar e crescer nesse ódio doentio, que influiu diretamente da vida do clube. Contudo a gota da água vem na administração Tiãozinho, que rompeu com Carnielli e passou a articular seu expurgo da vida da Ponte. Junto com o Conselho Deliberativo excluiu os conselheiros inadimplentes sem nenhum critério de aviso, consulta, considerando o desinteresse do clube nas respectivas cobranças e a pandemia que afastou tantos das ações efetivas. Uma verdadeira ação de guerra foi estabelecida. Agressões nas reuniões com assalto às dependências do Moisés Lucarelli. Vieram as eleições com 2 chapas concorrentes e todos presenciaram o escândalo das ameaças aos conselheiros simpatizantes da DNA . O grupo denominado MRP venceu, aliás com uma carta de intenções razoável para o momento. Ocorre que o grupo estava completamente despreparado para a responsabilidade que sabia que iria uma enfrentar. Assumiram, montaram um time com jogadores veteranos e inativos, incapazes de encarar uma competição tão forte como a série A1 do Paulista. Sucumbiram escandalosamente, perdendo Dérbi, desclassificação na Copa do Brasil e outras vergonhas. Portanto está claro que esse grupo não está preparado para oferecer dignidade ao clube. Lamentavelmente o futuro pode ser pior. Apenas culpam o passado e não dispõem de investimentos ou um plano de ação capaz de fazer face às necessidades. O clube está com seu futuro seriamente comprometido”. João Carlos de Freitas, comentarista da Rádio Jovem Pan News Campinas.

“Pra mim tudo começou errado, desde a eleição da maneira que aconteceu, e a montagem do elenco onde tinha muitos "nomes" e pouco futebol. Os jogadores que renovaram contrato, eram jogadores que não apresentaram bom futebol na temporada passada, e os que chegaram, a maioria, fora de forma, com muito tempo sem entrar em campo, um conjunto de erros que culminaram no rebaixamento”. Carlos Kabela, narrador da Rádio CBN Campinas.

“A Ponte Preta foi rebaixada pela falta de planejamento. Um elenco diferente é montado a cada semestre. O presidente e sua diretoria mudam a todo momento o supervisor de futebol. E, consequentemente, mudam o treinador e os jogadores. Pior! Deixou de contratar jogadores com potencial. São muitos refugos de times grandes e médios. A base foi deixada de lado e os elencos não têm identidade com o clube. De aposta em aposta, a Macaca foi enfraquecendo. Na Série B de 2021, a equipe quase caiu. E nada foi feito. Pioram o elenco para o Paulistão e o resultado foi o dolorido rebaixamento. É preciso mudar, planejar e ter base de equipe de um ano para outro. Caso contrário, a Ponte vai demorar a subir. Afinal, na minha opinião, a Série A2 é mais difícil do que o Paulistão”. Luiz Ademar, comentarista da Rede Brasil e ex-presidente da Aceesp.

“Na minha opinião os problemas são os mesmos de sempre, os dirigentes são soberbos, a briga é sempre pra ver quem pode aparecer mais que o outro, e com isso a Instituição Ponte Preta é que sofre, eles dizem que AMAM  a Ponte, porém o que a gente vê não é isso, haja vista a declaração do atual presidente após a derrota do Dérbi, profundamente lamentável, assunto que não tinha nada a ver com a derrota. Outra coisa, o atual presidente disse: A Ponte não perde o Dérbi... perdeu. A ponte não vai cair... caiu e lá atrás ele disse, não serei candidato à presidência, e se tornou presidente. Penso que ele precisa rever seus conceitos após tanto tempo afastado do futebol. Não é só na Ponte, mas não há transparência nos clubes de futebol, tudo não pode ser divulgado por sigilo de contrato, e assim nunca se sabe ao certo o que é feito atrás dos muros dos estádios”. Claudinei Corsi, âncora dos Canais Futebol Interior.

“A Ponte foi rebaixada porque rezou a cartilha certinha, erro na montagem do elenco, com renovações equivocadas de jogadores que não tiveram um bom desempenho na temporada passada, contratação de jogadores que a muito tempo não atuavam, sem ritmo, sem condicionamento físico, outros que não atravessam bons momentos a muito tempo, outros que não tem a menor identificação e características prometidas pela diretoria! Mas mesmo assim deveriam ter se entregado um pouco mais em vários jogos! Mudança de treinador no meio da competição,  conturbação nos bastidores políticos, guerra de vaidades entre situação e oposição, enfim falta de união total”! Beto Quinalha, comentarista e chefe da Equipe e Esportes da Rádio Central de Campinas

Nota oficial pós jogo contra o Ituano

Com um sentimento de imenso pesar, o presidente Marco Antônio Eberlin e os integrantes da Diretoria Executiva pedem desculpas à imensa e apaixonada torcida da Associação Atlética Ponte Preta pelo descenso à série A2, assumindo desde já o compromisso de estarmos de volta à A1 no ano que vem.

Em virtude da imensa tristeza e consternação, não haverá coletiva por parte da Ponte Preta neste sábado, porém na segunda-feira (21) será realizada uma coletiva em tempo real pelo presidente pontepretano.

Por fim, apenas para evitar quaisquer especulações, cabe deixar claro que o técnico Hélio dos Anjos é o treinador da Macaca para a série B e seguirá comandando a equipe, e esta diretoria seguirá trabalhando unida e intensamente para o ressurgimento de uma Ponte Preta forte e digna de sua tradição.

Mais explicações

Nesta segunda-feira (21) o presidente Marco Eberlin decidiu atender a imprensa e falou com os jornalistas pela primeira vz depois do rebaixamento. Fez uma série de promessas, dentre elas a de que não haverá atrasos de salários e que todos vão receber o 13.o salário ainda no mês de dezembro. “Fizemos contatos com investidores, alguns vieram, outros não mas estamos trabalhando. O atacante Lucca, apesar das especulações vai cumprir o contrato conosco, mas o torcedor pode ter certeza de que muita coisa vai mudar a começar pelo elenco. Quem não se comprometeu ou não se enquadrou na política do clube não vai ficar. Posso garantir que 50% desse grupo atual de jogadores não vão ficar”, disse o presidente.

A Ponte Preta vai iniciar a Série B do Campeonato Brasileiro com Hélio dos Anjos como treinador e, já na estreia, no segundo final de semana de abril, recebe o Grêmio, no Estádio Moisés Lucarelli. Boa sorte, Ponte Preta!

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