Lais Sellmer, psicanalista (@laissellmer)

Não importa sua idade, gênero ou religião você com certeza já ouviu falar de Madonna e como sua arte provocou abalos numa sociedade conservadora, machista e sexista. Um ícone que influenciou a música, moda, comportamento e abriu espaço para que Sam Smith e Kim Petras viessem com uma das apresentações mais prestigiadas do Grammy 2023 e ainda uma cantora Trans arrematasse um prêmio.

Madonna estava lá com 40 anos de carreira apresentando um discurso sobre rebeldia, mas o foco foi o seu resto e as intervenções feitas, as pessoas se permitiram projetar em Madonna a exigência da perfeição. Se Madonna, aos 66 anos, não fosse adepta às cirurgias plásticas e tratamentos estéticos seria alvo como outras de estar se descuidando, contudo, vaidosa como sempre demonstrou, ela recorreu a procedimentos que o público não gostou e a atacou.

Incomodada demonstrou em suas redes sociais o desconforto. Vimos um ícone de rebeldia se desnudar e assumir o descontentamento de ter sido alvo de críticas por sua aparência.

Por que exigimos de Madonna uma perfeição ? Por que esperamos da “Material Girl” que acate a opinião dos críticos ? Por que nós damos o direito de comentar sobre a aparência física de alguém? 

Porque projetamos nossa falta. Nós não somos perfeitos e jamais conseguiríamos ser, mas o outro precisa! 

Vimos uma mobilização tão grande de críticas e de um certo tipo de perversidade, mesmo Madonna sinalizando seu desconforto e fragilidade que, ao modo dela, é denunciar a misoginia, continuaram as críticas. Por que nossa falta e imperfeição é maior. 

E ninguém está imune do olhar julgador, nem a Madonna, eu ou você.

Ficando conosco a missão de proteger nosso eu dessas invasões de críticas e opiniões alheias.

Haja análise!