Os Nós da Mente
Neste espaço você irá ter um conteúdo onde vamos discutir temas que têm tudo a ver com a sua angústia. O divã será o blog e o psicanalista é o grupo de autores que vão escrever os artigos que irão abordar filmes, livros, músicas e o cotidiano, mas tudo ligado à saúde mental. Você irá perceber que não está sozinho. Vamos dar as mãos para caminharmos na jornada do autoconhecimento. Isso porque esse é um blog de psicanálise para você!
Por Lais Sellmer, psicanalista - @laissellmer
Pode até parecer algo simples para muita gente, mas pessoas com corpos gordos vivenciam um verdadeiro martírio para conseguir achar uma roupa que caiba em seu corpo, achar uma que seja seu estilo é quase um ato de luxo.
A feira foi idealizada pela Flávia Durante, jornalista, DJ e empreendedora que organiza o evento nas quatro estações do ano. Um trabalho pioneiro que trouxe o acesso à moda e o incentivo para os produtores de moda plus size.
Além das vendas, a feira conta com debates e apresentações artísticas, em que as pessoas conseguem ver que o lugar do corpo tão discriminado na grande mídia é no palco, na ciência, na moda ou onde esse corpo quiser ir.
E eu, chamei de “corpo” de propósito, porque a pessoa gorda é desumanizada de tal forma que fica apenas o estereótipo do corpo na mente das pessoas, minando o sujeito a um estigma. O corpo não pode ser separado do psiquismo. Por isso, a busca por uma moda que representa a identidade e personalidade da pessoa é muito significativa para os aspectos sociais e psicológicos.
Um evento que mostra as possibilidades do corpo, volta como um abraço para essa pessoa que é tão discriminada. O sentimento de inadequação pode acarretar em um retraimento do desenvolvimento emocional. A feira é um ambiente acolhedor por permitir que a pessoa seja ela mesma!
Quando pensamos em estilo pessoal, estamos considerando a integração que o Winnicott tanto fala, sobre alocar a psique na soma, ou seja, se me vejo como uma mulher fashionista e encontro roupas com esse estilo, eu estarei integrada, serei eu mesma naquela roupa. Se eu consigo apenas peças do meu tamanho no estilo esportivo, não serei eu mesma, porque não estarei vestida de acordo com o meu estilo pessoal, que dialoga com meu corpo.
Dessa forma, podemos considerar a moda inclusiva importante para a saúde mental e social do sujeito.