Neste espaço você irá ter um conteúdo onde vamos discutir temas que têm tudo a ver com a sua angústia. O divã será o blog e o psicanalista é o grupo de autores que vão escrever os artigos que irão abordar filmes, livros, músicas e o cotidiano, mas tudo ligado à saúde mental. Você irá perceber que não está sozinho. Vamos dar as mãos para caminharmos na jornada do autoconhecimento. Isso porque esse é um blog de psicanálise para você!
Por Igor Alexandre Capelatto, psicanalista - linktr.ee/igorcapelatto
“Filhos, muitas vezes, são sintomas dos pais”. – Igor Capelatto
Vamos pensar que o ser humano não aprende a ser pai e mãe, ele tem um modelo (dos seus pais), mas não é educado a ser pai ou mãe. Muitas vezes, os seres humanos atuam de certas maneiras, não porque são maus, mas porque não sabem como atuar na função paterna e materna.
Ser pai e mãe demanda, primeiro, ser sujeito do desejo: desejar ser pai e mãe. Antes de se colocar a cuidar de um outro ser humano é preciso cuidar de si, estruturar-se emocionalmente, estruturalmente, para estar bem para ofertar o lugar de cuidar. Saber que não vai ser fácil, que existirão angustias. Filho(a) é ser humano, vai ter dor de barriga, vai chorar, vai ter gripe, vai angustiar, vai se frustrar. Não vai apenas sorrir, brincar e abraçar. Pai e mãe acolhem, ofertam carinho, mas precisam estar atentos (como um Samu), precisam dar limites. Mas como um pai e uma mãe sabem como atuar em cada situação com os filhos?
Como dizemos, a psicanálise, a pedagogia, a psicologia desenvolveram muito material sobre “ser pai e mãe”; são experiências da observação, dos atendimentos, de muita pesquisa, de referências e estudos comportamentais, neurológicos, entre outros. Temos estudos bem aprofundados nas diferentes fases do desenvolvimento da criança e do adolescente.
A terapia, como digo, para pai e mão, é para cuidar dos seres humanos que vão cuidar de outros seres humanos.
Mas, o mais difícil não é aprender a cuidar, mas é perceber que se pai e mãe não cuidarem de si mesmos, buscarem a terapia para se conhecerem, lidarem com suas angustias, e desejos, não serão capazes de ofertar um ambiente e cuidar saudável. Muitos sintomas de crianças e adolescentes são consequências de atos dos pais, não que cometam por maldade, mas por não saberem como devem atuar. “Eu achava que ele era mal. Depois que aprendi sobre limites e frustrações, entendi que é natural, aprendi como agir e hoje ele escova os dentes sem fazer birra”. – relato de uma mãe em terapia.
Porém, muitos pais não percebem isso e mandam seus filhos à terapia - quando estes chegam lá, a gente percebe que a raiz do sintoma é uma falha no papel paterno e materno. A nossa sociedade, infelizmente, trata a Psicanálise e a Psicologia como lugar de curar loucos. Eu digo que são terapias para ensinar a ser humano. É uma escola para ser criança, ser adolescente, ser adulto, ser pai, ser mãe, ser filho(a).
Se você tem desejo de ser pai ou mãe, não hesite em buscar terapia, tenha que ir fazer terapia é ir para escola de pais, aprender aquilo que o mundo não nos oferta. Temos as referências de nossos pais, dos livros, das mídias, mas cada sujeito é um sujeito diferente, e cada pai, cada mãe e cada flho(a) são únicos. Temos a base geral daquilo que dá certo ou não dá certo, mas cada qual tem sua particularidade, e a psicanálise e psicologia estão aí para ajudar.
* Este artigo faz parte de uma série da qual intitulei “Pais procuram terapia para os filhos?”. Iniciou com “Meu filho(a) precisa de terapia”, segue com “Meu filho(a) não precisa de terapia” e no próximo abordarei sobre “Quando os pais precisam de terapia mas encaminham seus filhos”.