Fazer análise é sempre angustiante?

Os Nós da Mente

Neste espaço você irá ter um conteúdo onde vamos discutir temas que têm tudo a ver com a sua angústia. O divã será o blog e o psicanalista é o grupo de autores que vão escrever os artigos que irão abordar filmes, livros, músicas e o cotidiano, mas tudo ligado à saúde mental. Você irá perceber que não está sozinho. Vamos dar as mãos para caminharmos na jornada do autoconhecimento. Isso porque esse é um blog de psicanálise para você!

Fazer análise é sempre angustiante?
Divulgação

Por Roberta Janone, Psicanalista - @robertajanone

Quem nunca escutou essa frase ou algum conhecido dizendo que análise causa angústia? O processo de análise realmente não é um processo para “passar a mão na cabeça” da pessoa que busca a análise. 

Se uma pessoa está buscando a análise, é porque tem algo ali incomodando, causando algum sofrimento. E isso, possivelmente, não surgiu de um evento ocorrido recentemente, a queixa inicial pode até ser um acontecimento atual, mas o sofrimento que vem junto possivelmente não é de agora.

A figura da analista acolhe de certa forma a pessoa e seu sofrimento, mas em outra posição. Como um eco, em alguma medida, reverbera. Para quem fala e quem fala, em algum momento se escuta!

A angústia vem porque ali a pessoa que procura a análise, se dá conta que muito do sofrimento atual, não é de agora e para além disso, quais posições esse sujeito se colocou para estar neste sofrimento? 

A análise confronta isso, confronta essa posição de sofrimento, essa queixa, essa não reação diante daquilo que o sujeito cedeu para se encaixar em algo, por covardia ou para agradar alguém. Abriu mão do seu desejo e segue a vida assim, abrindo mão! Se dar conta disso não é angustiante?

Como dizia Lacan, “a angústia não mente” onde ela aparece ali está o desejo! 

Aprendemos desde cedo a atender uma demanda que não é nossa, aprendemos como devemos ser, fazer e agir, e nesse sentido nossa subjetividade some. Somos um pouco de muitas outras pessoas e não o que queremos e desejamos. O medo de renunciar a tudo que você conheceu e aprendeu e carrega como sendo seu e como sendo uma verdade incontestável, assusta e angustia. 

Escolher abrir mão disso tudo, é talvez o nada! Como você vai lidar com esse nada, esse ponto zero? Como você vai lidar com aquilo que escapa do inconsciente?

É atravessando esse ponto zero, no processo de análise que surge uma possibilidade de você como sujeito, bancar seu desejo,  sair das sombras de outros! Esse atravessamento é feito com aquela que está ali do outro lado, na escuta. Sua analista! Ela estará com você nessa travessia! 

A análise pode angustiar, sim! Não tem promessa de cura, de solução de suas queixas, mas implica em sua subjetividade, aquilo que é seu, e assim, você pode lidar melhor com o que você faz de você e da sua história.

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