Então, o que esperar das sessões de análise?

Os Nós da Mente

Neste espaço você irá ter um conteúdo onde vamos discutir temas que têm tudo a ver com a sua angústia. O divã será o blog e o psicanalista é o grupo de autores que vão escrever os artigos que irão abordar filmes, livros, músicas e o cotidiano, mas tudo ligado à saúde mental. Você irá perceber que não está sozinho. Vamos dar as mãos para caminharmos na jornada do autoconhecimento. Isso porque esse é um blog de psicanálise para você!

Sem análise pessoal, sem escuta!
Sem análise pessoal, sem escuta!
Divulgação

Por Marcio Garrit - Psicanalista e Filósofo - Doutorando em Psicologia Clínica pela PUC/RJ - E-mail: marciogarrit@yahoo.com.br - Instagram: @marciogarrit 

O que esperar de uma análise? Vou me dirigir ao analista dessa vez e, talvez, isso seja o “diferente” em relação à abordagem desse assunto.

Uma das coisas que acontece ao participarmos de encontros com análises clinicas é a narrativa carregada da ânsia de resolução/cura, interpretação excessiva e contratransferência não percebida. Ou seja, uma escuta viciada e carregada de ideais, que considero nada recomendáveis para quem deseja se arriscar na clínica. Sendo assim, vou ser direto e pontuar, a partir das minhas experiências, o que considero importante para o entendimento de nossos limites. Sem essa clareza, de nada adianta o resto" Então vamos a eles:

- Sem análise pessoal, sem escuta! – isso todo mundo sabe. A questão que talvez não procuramos saber é se a nossa análise está sendo uma análise ou outra coisa. Todos nós sabemos a função do sintoma e a dificuldade que é para um encontro analítico acontecer. Às vezes, o que temos é um tremendo bate-papo ou um encontro permeado de outras coisas que não o que o trabalho analítico se dispõe a fazer. Ir ao analista não significa que você está fazendo análise. Se você não consegue entender a diferença NA PRÁTICA e na SUA análise pessoal, aí fica tudo muito difícil.  Fica a questão: Você realmente sabe dizer se está fazendo análise? Por que? 

- Sem estudo diversificado de teorias, sem escuta! – Em pleno século XXI e ainda temos fanáticos teóricos dentro da psicanálise. Não basta a quantidade assustadora de sintomas complexos que aparecem no “dia a dia” nas nossas clínicas e, isso, sem falar das transformações culturais super aceleradas, e mesmo assim temos pessoas seguindo pensadores como se fossem religiosos fundamentalistas. Alguns chegam a “bater” no peito e dizer: Sou um analista IANO (lacaniano, ferencziano, freudiano, etc.). Esse tipo de pensamento é simples de entender. “Estudo apenas uma forma de pensar e com isso acredito piamente que toda a verdade vem de lá.” É cômodo, mas será que funciona? Isso gera complexidades que Andre Green pontuou muito bem na última fase do seu pensamento, e muitos bons analistas contemporâneos também rebatem a tal prática. É o fetiche da teoria! “Se a análise não for ...IANA (Lê-se: do meu teórico idolatrado), não é análise!” Vou parar por aqui... já deu pra entender. 

- Se não consegue identificar seus excessos e/ou não está fazendo nada com eles, pare de atender! – Pare um pouco e pense em algum caso que você está atendendo. Pense cuidadosamente sobre ele agora. Se ouça com profundidade. Ouça, principalmente, como você define a queixa e o que pensa disso. Agora tente responder: Você consegue definir qual o seu papel e limite em relação a esse atendimento e o quanto de expectativa SUA tem nisso? Não é pecado querer (e pare por ai!) resolver tudo e manter o controle, afinal, a neurose tem disso. A questão é saber se você está conseguindo separar suas idealizações e fazendo algo que obedeça ao papel de analista nesse encontro. Se isso for muito difícil pra você, ou imperceptível, você não está pronto para atender ninguém.

Ser analista é construir a capacidade de escutar e agir dentro dos limites dessa escuta. Disso não se pode duvidar. Então, o que devemos esperar de uma sessão de análise? Que tenha um analista lá!        

Pensemos!