Prefeitura cederá prédio e grupo deve deixar local ocupado no Centro de Campinas

Prefeitura argumenta que negociação só foi feita porque movimento não é de ocupação de imóveis. Desde o início, grupo alega que objetivo era despertar a sociedade para a necessidade de políticas públicas no combate a violência contra mulher

Tiago Prudente

Blog do Prudente

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Reunião na Prefeitura
Movimento Olga Benário

A Prefeitura de Campinas deve ceder nos próximos dias um prédio público para o movimento Olga Benário. O grupo ocupa um prédio no Centro de Campinas desde o início de maio. O acordo foi articulado com o vice-prefeito, Wanderlei de Almeida (PSB), na última segunda-feira. 

Segundo a prefeitura, a negociação só aconteceu porque o movimento afirmou que “não é de ocupação de imóveis, mas em defesa das Mulheres. Diante disso, foi acordado que a Prefeitura de Campinas poderá ceder um imóvel, desde que a entidade tenha todos os registros como entidade que atua no setor de defesa das Mulheres”. O novo local deve ser liberado em até 30 dias. O movimento se comprometeu a deixar a propriedade privada hoje ocupada.

“A Casa de acolhimento já vinha operando na cidade oferecendo suporte e orientação a mulheres, desde 2022, por meio da Rede de Apoio Maria Lucia Petit. E mesmo em condições precárias, em função do imóvel ocupado estar bastante deteriorado, a ocupação tem acolhido mulheres em situação de violência durante o mês de maio, inclusive com o apoio de novas adesões de voluntários, como a Clínica de Direitos Humanos, da Unimetrocamp”, ressaltou em nota a Ocupação Maria Lucia Petit Vive. 

O acordo parece um desfecho para a disputa que segue na justiça. O proprietário do imóvel pede a reintegração de posse que chegou a ser concedida, mas foi suspensa pela juíza do caso. No campo político, o embate entre esquerda e direita se intensificou sobre a questão da propriedade privada e  a função social do imóvel, mas sem desfecho prático.

Sem dúvida o acordo firmado pela Prefeitura de Campinas vai ser criticado. A extrema-direita vai acusar a administração municipal de negociar com “terroristas". Retórica política pura. A Prefeitura (parte menos envolvida na história juridicamente) consegue uma solução para a questão que podia se arrastar por meses na justiça e ainda ganha apoio na rede de proteção as mulheres. O proprietário terá seu terreno de volta e a cidade uma nova casa de apoio as mulheres. O diálogo é sempre o melhor caminho.

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