Vigilância Sanitária interdita leitos de UTI Neonatal de maternidade em Campinas

Desativação aconteceu devido ao baixo número de profissionais e bebês morreram durante surto de gastroenterite na unidade neste período

Por Rafaela Oliveira

Unidade estava superlotada
Governo de SP

A Vigilância Sanitária interditou 20 dos 36 leitos da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) Neonatal do Hospital Maternidade de Campinas (SP). A desativação aconteceu na última quinta-feira (16/2), devido ao baixo número de médicos que fazem as visitas diárias e fisioterapeutas

A ausência de profissionais, segundo a direção do Hospital Maternidade, acontece devido à falta de profissionais no mercado e uma crise financeira que atinge a instituição. Além de estar funcionado com uma equipe menor do que é permitida para o número de leitos registrados (36), no momento da interdição, a Unidade estava trabalhando acima da capacidade e haviam 39 pacientes internados na Unidade Neonatal. 

O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) já havia identificado a falta de profissionais na unidade de saúde desde o final de 2022, inclusive com autos de notificação para a entidade. 

Com a interdição de 20 leitos da UTI Neonatal, os bebês prematuros precisam ser transferidos para outros hospitais da região ou de outras cidades do Estado de São Paulo. O Hospital Maternidade de Campinas, junto à Central de Regulação do Estado, operacionalizada pela Prefeitura de Campinas, ainda está tentando realizar essas transferências, de acordo com a nota divulgada nesta quinta-feira (23/2).

De acordo com a direção, além da falta de disponibilidade de profissionais, existe o problema da complexidade do serviço, que tem a maior UTI Neonatal da Região Metropolitana de Campinas. A Maternidade realiza cerca de 750 partos por mês, dos quais 60% pelo SUS – Sistema Único de Saúde. 

Dois bebês morreram durante surto 

O Hospital Maternidade de Campinas notificou, no dia 6 de fevereiro, um surto de gastroenterite na UTI Neonatal. No dia 10, dois bebês morreram e, segundo a Secretaria de Saúde, foi aberto uma investigação para apurar se as mortes foram causadas pela doença. 

Em nota, a direção do hospital diz que “a situação de dimensionamento não impactou na ocorrência dos casos de diarreia enfrentado entre os dias 6 e 9 de fevereiro”. Além disso, alega que as providências necessárias para a contenção da situação foram adotadas e não houve a ocorrência de nenhum outro caso desde o dia 9 de fevereiro. 

Medidas de contenção

Além da interdição dos leitos da UTI Neonatal e a transferência dos recém-nascidos, o Devisa e o Departamento de Gestão Organizacional (DGDO) adotaram outras medidas. Entre elas está a proibição de novas admissões na unidade com surto e implantação de um Plano de Contingência para o enfrentamento e contenção do surto.

A Secretaria de Saúde informou em nota que está transferindo para o Caism (Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti) e para o Hospital da PUC as gestantes que estiverem com risco de parto prematuro, para que, ao nascerem, os bebês já sejam internados na UTI Neonatal desses hospitais.

*Sob supervisão de Rose Guglielminetti

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