USP avança em estudo para desenvolver vacina contra a febre maculosa

Avanço científico acontece em meio a uma série de mortes pela doença em Campinas, interior paulista.

Da Redação

Proximidade de capivaras com populações favorece a transmissão de bactéria por carrapatos
Shutterstock

A Universidade Pública de São Paulo (USP) anunciou que pesquisadores avançaram no desenvolvimento de uma vacina contra o carrapato que transmite a febre maculosa brasileira. A declaração foi feita nesta quarta-feira (14), em meio a série de mortes pela doença em Campinas, interior paulista. 

Os estudos apontam que o número de casos de febre maculosa no Brasil não justifica a vacinação das pessoas, mas sim dos animais hospedeiros. O objetivo é criar um imunizante que, assim que o carrapato que se alimentar de um animal vacinado morrerá, interrompendo o ciclo de proliferação da bactéria.

A bactéria que causa a doença (Rickettsia rickettsii), costuma permanecer nas populações de carrapatos pois coloniza os ovários, passando de uma geração para outra, explicam os especialistas. A bactéria que causa a febre maculosa está presente em dois tipos de aracnídeos: o carrapato-estrela, transmissor mais comum e usado na pesquisa, e o carrapato amarelo do cão, que segundo a universidade, “que transmite a bactéria na região metropolitana da cidade de São Paulo”.

“A diminuição da densidade populacional dos carrapatos por uma estratégia vacinal, consequentemente, interromperia em grande parte a transmissão da doença para os seres humanos”, explica biomédica Marcelly Nassar, responsável pelo estudo sob orientação de Andréa Fogaça, na publicação da universidade.

O estudo foi  realizado no Laboratório de Bioquímica e Imunologia de Artrópodes do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Ele revelou que a expressão de uma proteína durante a alimentação do carrapato-estrela (Amblyomma sculptum) é fundamental para a sua sobrevivência. A partir disso, foi apontado a proteína inibidora da morte celular programada (apoptose), como um alvo promissor para o desenvolvimento de uma vacina contra o carrapato. 

O artigo da pesquisa foi publicado na revista Parasites & Vectors e teve como primeira autora a biomédica Marcelly Nassar, que realizou a pesquisa para sua dissertação de mestrado.

Surto da doença em fazenda localizada em Campinas 

Até o momento, foram confirmadas quatro mortes por febre maculosa de pessoas que frequentaram eventos na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas (SP). Além desses casos, outras duas mulheres, que estiverem no local, estão internadas com suspeita da doença (veja detalhes abaixo)

1º Mariana Giordano, 36 anos, moradora de São Paulo (SP). Esteve na ‘Feijoada do Rosa’ e morreu no dia 8 de junho. Confirmado que morreu por febre maculosa.

2º Douglas Costa, 42 anos, morador de Jundiaí (SP). Esteve na ‘Feijoada do Rosa’ e morreu no dia 8 de junho. Confirmado que morreu por febre maculosa.

3º Evelyn Santos, 28 anos, moradora de Hortolândia (SP). Esteve na ‘Feijoada do Rosa’ e morreu no dia 8 de junho. Confirmado que morreu por febre maculosa.

4º Erissa Nicole Santana, 16 anos, moradora de Campinas (SP). Esteve na ‘Feijoada do Rosa’ e morreu no dia 13 de junho. Confirmado que morreu por febre maculosa.

5º Mulher de 38 anos, moradora de Campinas (SP). Esteve no show do Seu Jorge e permanece internada. Caso em investigação.

6º Mulher de 40 anos, moradora de Campinas (SP). Esteve na ‘Feijoada do Rosa’ e permanece internada. Caso em investigação.

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