Unicamp é eleita a segunda melhor universidade da América Latina em 2024

A universidade subiu uma posição no ranking em relação à 2023; USP lidera e Brasil fecha o top 3 com a UFRJ

*Daniel Rosa

Universidade de Campinas é eleita a segunda melhor da América Latina
Thomaz Marostegan/Unicamp

A Universidade Estadual de Campinas (SP) foi eleita a segunda melhor universidade da América Latina pelo ranking promovido pela Times Higher Education. O levantamento usa como métodos três métricas para rastrear a qualidade das pesquisas: a força da pesquisa, a excelência da pesquisa e a influência. 

A força da pesquisa é baseada no 75º percentil do impacto da citação ponderada por campo, a excelência da pesquisa mede o volume de pesquisa no top 10 por cento da pesquisa mundial. Já a influência da pesquisa mede o quão influentes, em termos de citações, os artigos citantes são.  

O Brasil agora ocupa sete das 10 primeiras posições, incluindo todas as três primeiras, com USP, Unicamp e UFRJ, respectivamente. No geral, 32 das 69 instituições brasileiras classificadas melhoraram sua posição na tabela. Parte do motivo do sucesso do Brasil são as mudanças na metodologia de classificação, que agora fornece uma imagem mais precisa da qualidade da pesquisa das universidades. 

Laudio Rama, diretor acadêmico da Universidad de la Empresa no Uruguai, disse que o Brasil há muito tempo é mais forte em pesquisa do que o resto da região: “As universidades públicas [no Brasil] são focadas em pesquisa, diferentemente do resto da América Latina, que é focada em educação.” O país tem mais financiamento para pesquisa e incentivos e padrões robustos que encorajam pesquisa de qualidade, ele acrescentou.  

Simon Schwartzman, cientista social brasileiro e autor de Um Espaço para a Ciência: O Desenvolvimento da Comunidade Científica no Brasil, disse que o Brasil tem um “sistema federal de educação de pós-graduação e pesquisa universitária sem paralelo na América Latina”. 

Outro fator no fortalecimento do sistema universitário brasileiro é a mudança no apoio governamental à academia desde que Jair Bolsonaro perdeu a presidência em outubro de 2022. Muitas universidades ficaram impossibilitadas de pagar por necessidades básicas como resultado de cortes orçamentários durante o mandato de Bolsonaro, e professores universitários tiveram seus salários congelados desde 2016. 

No primeiro ano de seu atual mandato, o presidente Lula concedeu aos acadêmicos um aumento salarial de 9% e aumentou o financiamento para bolsas de mestrado e doutorado. 

No entanto, o professor Schwartzman disse que, embora não haja mais a hostilidade à ciência e à educação que estava presente no governo Bolsonaro, os desafios permanecem. 

“O governo atual é muito mais favorável, mas segue linhas populistas, distribuindo os recursos de forma esparsa e não tendo políticas de pesquisa e inovação bem articuladas”, disse ele. 

*Estagiário sob supervisão

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